O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), cumpriu agenda na tarde desta terça-feira (18) em Bento Gonçalves. Ele visitou obra de pavimentação do Vale Aurora, via que liga a RSC-470 (Vale dos Vinhedos) à RS-431 (Faria Lemos). Depois, foi recebido no sítio de lazer Zucchi, para acompanhar a vindima. Pela manhã, Leite já havia anunciado o repasse de R$ 131 milhões para o turismo a 134 municípios gaúchos, incluindo cidades da Serra, como a própria Bento Gonçalves, que receberá R$ 3,3 milhões para revitalização do Parque de Exposições e mais R$ 2,2 milhões para a implantação de ciclovia no Vale dos Vinhedos. Além disso, R$ 500 mil são previstos para a sinalização turística da Região da Uva e do Vinho. Antônio Prado, Bom Jesus, Farroupilha, Gramado e Nova Petrópolis são algumas das outras cidades da Serra contempladas no programa do Estado.
Leite destacou o investimento como a maior da soma dos últimos 17 anos feita pelo governo do Estado no setor.
Apesar de a agenda ter propósito institucional, a visita de Leite garantiu articulação política com lideranças da região, como a prefeita de Caxias em exercício, Paula Ioris (PSDB), o prefeito de Bento, Diogo Siqueira (PSDB) e o ex-prefeito de Bento e amigo de Leite, Guilherme Pasin (PP). Todos eles acompanharam parte ou totalmente a agenda do governador.
Ao atender a imprensa, Leite não escapou de perguntas sobre as eleições, para a qual reitera convictamente o desinteresse em se apresentar como candidato à reeleição.
— Não podemos estar na política apenas por vaidade ou projeto pessoal. Me realizo muito sendo governador do Estado. Assumimos em 2019 um Estado que não pagava os salários em dia, tinha atrasos com municípios, obras paralisadas por falta de recursos mesmo tendo impostos aumentados. O Estado que temos em 2022 é um Estado que faz investimentos como nunca antes, pelo menos nessa história recente, com disponibilidade de recursos, que tem as contas em dia e ainda diminuindo os impostos. A gente virou o jogo no Estado — destacou
Ele atribuiu o sucesso que atribui à gestão também às alianças políticas que consolidou, o que acredita também ter sido resultado da dispensa de candidatura:
— Sei que não ser um candidato à reeleição facilitou esses caminhos. Tirou o debate sobre as reformas do componente eleitoral. Eventualmente, se eu fosse um virtual candidato à reeleição, talvez meu caminho político fosse mais difícil com a Assembleia para conseguir apoios nas ações mais importantes. Sei que o governo deve muito ao fato de eu não ser candidato à reeleição, inclusive sou crítico.
Quanto ao nome que considera o mais apropriado para tentar a continuidade do governo, Leite citou o do vice-governador Ranolfo Vieira (PSDB) como postulante natural em seu partido. Ainda assim, ressaltou que acha "muito importante que MDB e PSDB estejam juntos" no pleito e que a cabeça de chapa possa estar aberta entre as duas siglas.
Despreocupado com a vitrine política
Questionado sobre qual o seu futuro político, Leite deu a entender que deve se limitar a atuar na articulação da continuidade do projeto de governo, em discussões, que espera que iniciem em março. No entanto, sua maior atenção, alegou, será com o último ano de gestão.
— Temos um longo ano pela frente ainda. São R$ 5 bilhões (previstos por meio de ações do chamado programa Avançar) para garantir a execução que eu nem consigo pensar em janeiro de 2023, só consigo pensar em 2022, estou profundamente ocupado com isso. E depois o dia seguinte a gente vê. Não tenho preocupação com me manter na política, com cargo, com visibilidade — declarou.
Ele relatou ainda estar despreocupado com a possível perda de vitrine caso se afaste temporariamente da política.
— Quando deixei de concorrer à reeleição como prefeito de Pelotas me disseram 'isso é uma loucura, você vai sair da vitrine, vai perder espaço'. Fui até morar no exterior, quando voltei fiquei morando em São Paulo fazendo mestrado e mesmo assim me tornei governador. Então não tenho essa preocupação de que precisa ocupar um cargo, precisa estar na vitrine. Vou cuidar minha vida, tenho tranquilidade com isso — garantiu.
Porém, não descarta um eventual retorno:
— Depois ali na frente vamos ver se a população desejar que eu volte em alguma outra posição vou estar na política tanto quanto as pessoas entenderem que eu deva estar.
Outros temas
Cedência de trecho da BR-470 para o Estado
"Não tenho informação se já teve a resposta (do governo federal quanto ao pedido de repasse de trecho de 13 quilômetros entre Carlos Barbosa e Vale dos Vinhedos), acredito que não. De fato, trabalhamos para a inserção da 470 para que possamos ter o bloco dessas rodovias interligadas todo resolvido sob concessão para garantir manutenção das estradas, todo serviço de ambulância, guincho em todo o trecho e não ficar intervalo na conexão das rodovias. Estamos otimistas, conversei no ano passado com o ministro (da Infraestrutura) Tarcísio (Gomes de Freitas) e tenho otimismo que acontecerá."
Continuidade do projeto de governo
"Vou trabalhar para que a gente tenha continuidade de projeto. Vamos nos organizar, meu partido, os partidos que nos apoiam para que possamos coordenar isso, tenha uma candidatura forte e estou convencido de que vamos eleger a continuidade desse governo. O projeto vai continuar, sob outra liderança, mas o projeto deve continuar."
Aliança com MDB
"Acho que é muito importante que MDB e PSDB estejam juntos. Vou trabalhar muito para que isso aconteça, para que essa agenda não corra nenhum risco diante de ameaças de outros dois campos políticos que poderiam colocar em risco as últimas conquistas que a gente teve nos últimos anos, e eu tenho a convicção de que vamos conseguir trilhar um caminho que coordenará essa aliança, não imponho minha vontade, mas vou dar toda a minha força para que a gente ache um caminho comum, MDB e PSDB. Tanto o PSDB tem disposição para discutir cabeça de chapa com o MDB, quanto tem expectativa que o MDB tenha essa condição com o PSDB".
Ranolfo como candidato
"O Ranolfo é um belo quadro, sujeito extremamente leal, parceiro, competente. Os resultados na segurança pública falam por si só. O Ranolfo é belíssimo quadro para continuar esse projeto. E é o que o meu partido defende, é o vice-governador, conhece por dentro a agenda. É natural que o PSDB busque protagonizar esse projeto. Agora, assim como nós queremos protagonizar, outros partidos também querem. É legítimo que o MDB, com o tamanho que tem, maior bancada na Assembleia, teve governo quatro vezes desde a redemocratização, também aspire à liderança do projeto."
Nomes do MDB
"O (deputado estadual) Gabriel (Souza) é alguém que conhece bem o Estado, foi líder do Governo Sartori, conhece as pautas das reformas, atuou dentro da Assembleia como presidente, está por dentro da agenda, conhece o Estado, é um grande nome, mas não me meto na disputa do MDB, eles têm a própria discussão. Tem outros quadros, como o presidente do partido, Alceu Moreira, que também é alguém que conhece bem o Estado, deputado federal, tem boas relações nacionais. Mas essa é uma discussão do MDB. No tempo certo, e esse tempo começa a se aproximar, a partir de março, talvez, a gente vai intensificar essas conversas dentro da base do governo para que possamos coordenar."
Risco de covid para eventos
"As prefeituras já estão tomando providências, suspendendo ou reduzindo público, estão fazendo essa análise. Cada região tem a sua peculiaridade, a situação que a gente vive agora pelo que a gente projeta do que se analisa fora do Brasil, onde já se cumpriu um ciclo em função da Ômicron, não estou fazendo uma análise técnico-científica, mas de que nós vamos ter um momento mais forte de incidência, como estamos agora, mas também mais rápido, ou seja, a expectativa é de que, quando chegue a Festa da Uva, a gente já tenha passado esse momento crítico e assim não tenhamos a festa comprometida por conta dessa contaminação".
Ações mais fortes de enfrentamento à covid
"Bom lembrar também com bem menos internações e óbitos também em relação aos outros períodos, nem por isso devemos relaxar, a gente cuida, monitora e se tiver algum aumento expressivo que se observe e comprometa a capacidade do nosso sistema hospitalar e que demande ações mais fortes nós vamos tomar, mas sempre com a característica que esse governo teve, diálogo com as prefeituras e com as regiões, buscando coordenar esforços e não partir para enfrentamento que não serve para ninguém".
Estado atrofiado
"Nós já anunciamos no Avançar, o nosso programa de investimentos, R$ 4,6 bilhões. Vamos superar os R$ 5 bilhões até final desse ano. (...) O principal papel meu é trabalhar para tudo isso seja executado, pois o Estado que ficou tanto tempo sem ter dinheiro, sequer para pagar as contas do mês, agora que ele tem recurso, a gente lida com o desafio de um governo que se atrofiou e se enferrujou, e agora para ganhar velocidade não é tão fácil, temos que superar entraves burocráticos, falta de equipe técnica, material e a gente está trabalhando para superar esse desafio".
R$ 200 milhões para irrigação
"Do ponto de vista emergencial, trabalhamos para garantir a água para abastecimento humano, para animais nas localidades mais atingidas também. E estamos com o Programa Avançar na Agricultura, que tem R$ 275 milhões, dos quais R$ 200 milhões são para programas de irrigação. Tem subsídio para implantação de ferramentas, de tecnologias de irrigação nas lavouras. Temos recursos para programas de açudes. Então trabalhamos de forma que, se não blindar, no mínimo reduzir muito a possibilidade de novas estiagens que virão, que a gente sabe que virão, a questão é quando, e que a gente tenha as nossas lavouras mais protegidas com esse programa de irrigação."