Único partido de oposição à administração municipal, a bancada do PDT na Câmara de Vereadores de Canela formalizou nesta terça-feira (09) um pedido de instauração e abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo é investigar a suposta rede de corrupção para desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro na prefeitura de Canela. O caso foi revelado na segunda-feira (8) durante operação da Polícia Civil no município.
A solicitação de abertura da CPI foi encaminhada pelos três vereadores do partido, incluindo o líder da bancada, Jerônimo Terra Rolim e também José Vellinho Pinto e Merlin e Jone Wulff. Segundo Rolim, a CPI permitirá que os próprios vereadores possam questionar e tomar depoimentos dos políticos envolvidos e também das 40 pessoas envolvidas nas investigações da Polícia Civil em Canela, que atingem o Executivo e o Legislativo.
Dessa forma, além de apurar a conduta do presidente da Câmara, Alberi Gavani Dias (MDB), que foi preso na segunda-feira (8) e solto nesta terça-feira (9), os parlamentares querem saber mais sobre como o possível esquema funcionava.
Para ser instaurada, a CPI precisa de quatro assinaturas no pedido (um terço dos 11 vereadores que compõem o Legislativo). Como os três vereadores do PDT já assinaram o pedido, é necessária mais uma adesão para que os trabalhos sejam autorizados e os membros da comissão possam ser definidos. Entretanto, segundo Rolim, os demais vereadores são de partidos alinhados com a administração e, por isso, será feita uma visita em cada gabinete dos demais parlamentares para obter o último voto necessário.
— Contamos com o bom senso dos demais vereadores para que também assinem o pedido para que a Câmara de Vereadores de Canela possa investigar e apurar o que estava acontecendo com o dinheiro público do município. Temos que discutir, levar esse assunto para dentro do Legislativo e fazer os encaminhamentos necessários — afirma.
Segundo o líder da bancada do PDT, a CPI deverá ouvir testemunhas e confrontar versões para apurar se o prefeito Constantino Orsolin (MDB) sabia ou não dos esquemas. A Polícia Civil de Canela afirmou que o chefe do Executivo não é investigado no caso.
— Acho improvável que ele não tinha conhecimento do que estava acontecendo. Estamos falando dos mesmos partidos que comandavam a Câmara e a Prefeitura — afirma.
Em nota, a Prefeitura de Canela reafirmou que o prefeito Orsolin não foi citado em nenhum momento na operação e que não é alvo das investigações policiais. Disse também que o prefeito foi surpreendido pela operação e que acredita na boa fé dos servidores e agentes políticos.
O caso:
:: A Polícia Civil deflagrou na segunda-feira (8) uma operação que investiga suspeitas sobre desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro em Canela.
:: Os principais alvos foram o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luis Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos. Procurados pela reportagem, eles preferem não se manifestar sobre o caso.
:: Os três passaram a noite no Presídio Estadual de Canela, mas foram liberados na tarde desta terça-feira (9) após decisão judicial e responderão ao processo em liberdade. Além disso, foram afastados dos cargos públicos por, no mínimo, 60 dias, e não devem ter contato com testemunhas.
:: Também foram afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.
:: Segundo a Polícia Civil, uma investigação iniciada em abril encontrou indícios de uma rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha.
:: Os envolvidos negam irregularidades.