A Prefeitura de Canela se manifestou por meio de nota na tarde desta segunda-feira (08) sobre a operação da Polícia Civil, deflagrada pela manhã, que investiga suspeitas sobre desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro na Prefeitura e na Câmara de Vereadores do município. Conforme destacado pelos policiais em coletiva de imprensa e também pela prefeitura na nota, o prefeito Constantino Orsolin (MDB) não é investigado, assim como servidores públicos concursados não foram alvos da operação.
Segundo o texto, a administração está abrindo um processo administrativo interno para apuração dos fatos. O prefeito Orsolin ressaltou, ainda de acordo com a nota, que foi surpreendido pelo ocorrido e que acredita na boa fé dos servidores e agentes políticos, mas que não compactua com nenhum tipo de irregularidade que prejudique a lisura na administração pública. Ressaltou ainda que o município está à disposição para colaborar com as investigações.
Os principais alvos da operação da Polícia Civil foram o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luiz Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos. A Justiça autorizou a prisão preventiva dos três.
Além disso, foram afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.
Segundo a Polícia Civil, uma investigação iniciada em abril encontrou indícios de uma rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha.
Câmara mantém sessão e vice-presidente assume
A sessão da Câmara de Vereadores, agendada para esta segunda, a partir das 19h, foi mantida. Segundo a Câmara, "embora o órgão não esteja sob investigação, permanece à disposição das autoridades que conduzem as investigações para o esclarecimento de quaisquer dúvidas".
Diante do impedimento do presidente da Câmara, preso pela manhã, os trabalhos serão conduzidos pela vice-presidente do Legislativo, vereadora Emília Guedes Fulcher (MDB).
O que dizem os investigados:
De acordo com o advogado Rômulo Campana, que defende o vereador Alberi Gavani Dias, o cliente refuta as acusações e disse que, ao longo do processo, vão trabalhar para comprovar a inocência dele. Afirmou também que eles ainda não tiveram acesso a todas as informações da investigação e que por isso não tem como dar um parecer concreto.
A defesa do interventor do Hospital de Caridade, Vilmar da Silva dos Santos, disse que a investigação é ampla e está sendo acompanhada de perto pela advogada Rosilá Salbego. Segundo ela, a defesa deve entrar com pedido de revogação da prisão preventiva ao Judiciário nesta segunda-feira (08) e que provará a inocência do seu cliente em juízo, conforme nota.
— Entendo que, como já foram apreendidos os objetos pelos quais interessavam a investigação, não há de se falar em prisão para garantia da ordem pública ou econômica — disse a advogada por mensagem no WhatsApp.
O advogado Ricardo Cantergi, que representa o secretário de Obras, Luiz Claudio da Silva, e também o secretário de Turismo, Angelo Sanches Thurler, disse que ainda não teve acesso ao inquérito e deve se manifestar após o conhecimento da denúncia.
Sobre o caso de Luiz Claudio, que foi detido e encaminhado ao Presídio Estadual de Canela, Cantergi disse que, durante conversa pessoal, o secretário de Obras afirmou que é inocente quanto a todas as suspeitas até então levantadas e se colocou à disposição da Justiça para os esclarecimentos que as autoridades entenderem pertinentes. Disse também que " o esclarecimento de todos os fatos e a eliminação de todas especulações sobre sua conduta é de seu interesse particular".
A reportagem não localizou a defesa do subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras, ambos afastados dos cargos de maneira cautelar.
Confira a nota da prefeitura de Canela na íntegra:
Em relação aos fatos ocorridos nesta manhã em Canela, já amplamente divulgados pelos veículos de comunicação, a Administração Municipal vem a público esclarecer que:
a) O prefeito Constantino Orsolin não foi citado em nenhum momento na operação e não é alvo das investigações policiais, conforme afirmação do delegado responsável pela ação;
b) A Administração Municipal vai acatar as decisões judiciais, não compactua com qualquer tipo de irregularidade e está à disposição para colaborar com as investigações policiais;
c) As determinações judiciais impostas foram cumpridas e o município está aguardando as medidas cabíveis e aplicáveis na defesa dos interesses públicos e dos envolvidos;
d) A Administração Pública está abrindo um processo administrativo interno para apuração dos fatos e sua posterior divulgação à comunidade;
e) Por fim, o prefeito Constantino Orsolin ressalta que foi surpreendido pelo ocorrido, que acredita na boa fé dos servidores e agentes políticos, não compactuando com nenhum tipo de irregularidade que venha a prejudicar a lisura na administração pública;
f) A Prefeitura de Canela segue trabalhando em prol da comunidade.