O presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Gavani Dias (MDB), o secretário municipal de Obras, Luis Claudio da Silva, e o interventor do Hospital de Caridade do município, Vilmar da Silva dos Santos, foram libertados pela Justiça na manhã desta terça-feira (9). A soltura ocorreu após audiência na 1ª Vara Judicial de Canela.
Os três foram presos na manhã dessa segunda-feira (8) durante operação da Polícia Civil que investiga, desde abril desse ano, suposta rede de corrupção para lavagem de dinheiro. Entre as práticas, estariam suspeitas de falsificação de documentos, crimes em licitação, ocultação de bens, desvio de materiais de construção adquiridos para reforma do Hospital de Caridade, canalização de verbas, orçamentos fraudulentos em licitações e rachadinha de salários da prefeitura.
Na audiência dessa manhã, os defensores pediram a revogação da prisão preventiva e que fossem substituídas por aplicação de medidas cautelares, como afastamento das funções públicas. O Ministério Público concordou com os pedidos e o juiz Vancarlo Andre Anacleto concedeu a liberdade.
No termo da audiência, o juiz registrou que, ao determinar a prisão, considerou as provas apresentadas pela polícia que apontam que os três suspeitos têm papel decisivo no comando das ações criminosas investigadas e que a liberdade deles implicava em risco pela influência e cargos que ocupam. Mas, com o cumprimento dos mandados de busca feitos nessa segunda-feira e outras medidas como quebra de sigilo e bloqueio de valores, a necessidade de segregação foi afastada.
A partir de agora, os três responderão em liberdade, mas foram afastados das funções pública, por no mínimo 60 dias, e proibidos de se aproximarem das atividades que envolvem a prefeitura, a Câmara de Vereadores e o hospital. Além disso, não podem manter contatos com as testemunhas. Assumiram o compromisso de comparecer a todos os atos do inquérito e possível ação penal e não podem mudar de endereço ou se ausentar da cidade por mais de cinco dias sem autorização da Justiça.
Ainda nessa segunda, tinham sido afastados de maneira cautelar o secretário municipal de Turismo, Angelo Sanches Thurler, o subsecretário de Obras, Osmar José Zangalli Bonetti, e Denis Roberto de O. de Souza, funcionário contratado como cargo em comissão na pasta de Obras.
Na investigação, a polícia descobriu um suposto esquema para fraudar licitações de obras feitas pela prefeitura. Outro esquema apurado pela polícia indica uma suposta rachadinha, onde eram arrecadados R$ 20 mil por mês de funcionários da administração municipal, que seriam obrigados a repassar ao MDB até 10% dos salários. Em quatro anos, o montante teria chegado a R$ 1 milhão. Durante a operação, foram cumpridas 176 ordens judiciais em seis municípios do RS e duas em Santa Catarina. Foram apreendidos documentos, cartões de bancos, cheques, contrato de gaveta, boletos de pagamento e procurações. A intenção da polícia é descobrir se há mais desvios e outros envolvidos.