Aos 37 anos, César Ulian (Progressistas) foi eleito prefeito de Flores da Cunha no que representou uma trajetória de rápida ascensão na política. Em 2016, consagrou-se vereador, em primeiro mandato e, mesmo concorrendo às pressas, acabou sendo o mais votado do partido na época. A popularidade de Ulian se consolidou na eleição do ano passado, quando conquistou 53% do eleitorado florense, batendo Moacir Ascari Fera (MDB), candidato que representava o prefeito de dois mandatos Lídio Scortegagna. Ele se elegeu pela coligação "Flores para o Futuro", formada por PP, Republicanos e Patriota. Seu vice é o também empresário Márcio Rech (Republicanos).
César acredita que o reconhecimento da população nas urnas se deu à sua atuação na Câmara e seu grande envolvimento de longa data com movimentos sociais e religiosos do município.
Ao Pioneiro, ele falou das prioridades do governo, em especial o desenvolvimento do turismo, e sobre a postura administrativa que pretende conduzir a prefeitura. Confira:
Como foi sua ascensão na política?
Eu estava como vereador na última legislatura, foi a primeira vez que estive envolvido diretamente na política e aí que me abriu um pouco mais o entendimento das reais possibilidades do que podemos fazer em benefício da comunidade. Também trabalhava junto à juventude Progressista, fui presidente da juventude do partido. Mesmo na época da escola eu acabava tendo certas funções de lideranças nas turmas, então, mesmo não me dando conta a política já estava presente dentro de mim, por mais que eu me veja mais com características da iniciativa privada, com políticas dentro do ramo empresarial, já que conduzo duas empresas, então a gente vem com esse lado mais do privado do que propriamente do público. O meu vice (Márcio Rech/Republicanos) também vem do ambiente empresarial, por isso construímos um pouco do nosso governo já com essa tendência, de ser mais profissional do que político.
E a política partidária, quando começou a se envolver?
Uns dois ou três anos de eu me tornar vereador. A minha irmã (Giovana Ulian), na verdade, foi candidata a prefeita, disputou com o Lídio (Scortegagna) e ali começou um pouco, comecei a me envolver com o partido e fui dando sequência.
E o que motivou a colocar o nome à disposição num momento tão turbulento?
Como sempre fui envolvido com grupos de jovens, sempre estive envolvido em melhorar a comunidade, muitos serviços voluntários, participo de vários grupos e isso sempre esteve presente em mim e sendo vereador eu percebi o quanto poderíamos fazer em um ambiente ainda maior, a nível municipal. E quando eu recebi o convite, e fui reconvidado e insistido novamente, mas para dar meu sim eu coloquei uma série de condições para serem seguidas para a partir do momento que eu fosse eleito, uma delas foi a própria escolha do secretariado, foi feito processo de seleção, onde avaliamos cada um na sua função com suas habilidades técnicas e humanas. Coloquei como pré-requisito a liberdade total para escolha do secretariado, por ser um período conturbado e restrições causadas pela pandemia. Por isso, tenho plena confiança na equipe que constituímos.
O senhor como candidato foi oposição à representatividade do Scortegagna. O que significa isso politicamente? O que quer fazer de diferente?
Eu já fui oposição como vereador, mas muito coerente, não sou muito ligado na questão partidária, então mesmo como vereador eu fui uma oposição muito sensata. Até falei com nossos vereadores que são oposição que a oposição é necessária, mas que seja para apresentar outras possibilidades e não meramente criticar e ser do contra. Eu enxergo assim, tudo que foi construído pelas outras administrações e está sendo produtivo e apresentando resultados para a comunidade a gente não tem problema nenhum em seguir. Claro que vamos estar aperfeiçoando, levando mais de tecnologia aos próprios sistemas, sermos mais assertivos na comunicação intersecretarias, mas tudo que foi iniciado pelas antigas administrações e vêm dando certo, não temos problema nenhum em continuar.
Além da pandemia, quais são as prioridades do governo?
Vamos trabalhar em cima de um planejamento estratégico agindo no hoje, mas com olhar mais no futuro. Tudo que for feito hoje deve ser executado num projeto macro, traçar um olhar mais amplo para o município, que as ações sejam pensadas no impacto daqui a cinco, dez, quinze anos. Digamos, vamos ampliar a unidade básica de saúde do centro, vamos fazer para atender a demanda de hoje, mas já prevendo a demanda do futuro. Já trabalho em cima de possibilidades, pois percebemos às vezes um engessamento, às vezes se tem uma estrutura feita para atender uma demanda bem pontual, mas impossibilita que atendamos outras demandas num curto espaço de tempo futuro. Quando investirmos, investiremos certo sem precisar depois tomar outras atitudes.
Mas em termos de prioridades concretas, o que você tem nesse primeiro momento?
Temos muitas obras iniciadas, então neste primeiro momento daremos continuidade, mas estamos realizando mutirões de limpeza nas comunidades para apresentar uma cidade mais bonita, uma vez que esperamos que em breve possamos retomar a questão turística, pois queremos potencializar o turismo em Flores da Cunha, que é o turismo de experiência, podermos alinhar os roteiros, as rotas turísticas para podermos divulgar na nossa região e na região metropolitana, para trazer o turista para conhecer Flores da Cunha assim que a pandemia nos permitir. Quando pensamos numa cidade turística nós pensamos numa cidade mais bonita e melhor também para a nossa comunidade. Além de outras obras, a própria estrada velha que liga Flores da Cunha a Caxias, já está sendo executada a obra de pavimentação, porém, fica um trecho de pouco mais de um quilômetro fora do projeto contemplado, então já iremos incluir para todo o trajeto de Flores da Cunha para depois intermediar com Caxias para fazer a parte deles e desafogar a nossa RS-122, podendo ter essa rota alternativa.
E como está o enfrentamento da pandemia em Flores da Cunha?
São medidas que precisamos muito da colaboração da comunidade, então às vezes acaba tendo esse impacto das restrições, mas precisamos do espírito de colaboração, pois, a partir do momento que cada um se cuida um pouco mais, os reflexos acabam sendo menores no nosso município. É complicado porque são vidas, então às vezes aplicamos algumas restrições, a prioridade é prevenção e na saúde, mas quando percebemos que os dados nos favorecem, oportunizamos que outros serviços possam ter sua retomada com todos os cuidados.
Quando pretendem iniciar a vacinação?
Estamos aguardando a posição (do governo federal), já temos prévia das datas, mas assim que começarmos a receber as doses já estaremos iniciando. Já temos equipe toda estruturada, um estoque de seringas pronto caso venham só as vacinas. Então estamos no aguardo, mas já totalmente preparados.
O que pensa sobre integração regional?
Temos várias junções entre municípios que podemos fazer, seja no desenvolvimento econômico ou outras áreas que geram impacto muito grande nos municípios, a própria questão do lixo, dos resíduos, pode ser trabalhada em consórcios. Entre os novos eleitos, essa nova geração de prefeitos, acreditamos que temos muito a fortalecer e muito a tomar decisão em conjunto.
Essa integração regional para Flores da Cunha acaba sendo mais conveniente com Caxias ou Bento? Citando cidades de referência...
Na verdade, Caxias é fronteira direta, então acabamos tendo ligação muito próxima, acredito que deva continuar e fortalecer, cito como exemplo a própria estrada velha que liga as cidades, mas também outras questões, de mão de obra, empresariais... Mas Bento também temos a questão do turismo, Bento está bem desenvolvida nessa região e espero que possamos também estar unindo esforços para consolidar Flores da Cunha em parceria com Bento, que foi o que Bento fez com Gramado, criar braços e laços que transcendem as fronteiras.
O que acha da performance da Amesne?
Estou ansioso em participar, já é uma união entre prefeitos, mas precisamos desvincular as questões partidárias, que já vem se fazendo trabalho positivo nisso. Essa última condução já desvinculou bastante da questão partidária e colocou mais da realidade de cada município e essa união é importante.
Bolsonaro é o maior ícone político brasileiro atualmente... Qual o seu nível de identificação com ele?
Ele foi muito necessário para uma ruptura. A alternância é necessária para quem sai e para quem entra. O Patriotas estava na nossa coligação, é um partido que defende muito a ideologia do Bolsonaro, a família, a pátria, Deus, então entendemos que foi muito necessário e concordamos com a grande maioria dos seus posicionamentos, mas com certeza todos os governos têm seus prós e contras, mas com certeza a parte positiva é bem maior.