Alvo de dois processos de impeachment, o prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves (PDT), descartou nesta sexta-feira (6) qualquer possibilidade de renunciar ao cargo a fim de escapar da cassação do mandato. A declaração representa uma mudança de postura do chefe do Executivo, que durante a semana chegou a acenar com a possibilidade de deixar o cargo se o avanço dos processos caracterizasse "ranço pessoal". A renúncia, porém, acarretaria na perda dos direitos políticos do prefeito por oito anos, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
— Sou Gonçalves pelo duro, mas sou resistente — disse Claiton a ser questionado durante entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
Os dois processos de impeachment iniciados pela Câmara de Vereadores, protocolados pelo empresário Glacir Gomes e pela Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB), questionam a destinação de verbas para a compra de terrenos para Secretaria da Saúde sem aprovação do Legislativo, além da própria transação. O valor destinado subiu de R$ 10 mil estipulados originalmente para R$ 900 mil. Conforme Claiton, a mudança de valores ocorreu porque não havia certeza da captação da verba, que dependia da destinação de recursos da exploração do pré-sal, da arrecadação via índices imobiliários e do superávit nas contas do município.
— Quando nós abrimos a rubrica orçamentária com o valor de R$ 10 mil, foi com a possibilidade de buscarmos dentro da mobilidade orçamentária, que pode chegar a 35%. Uma rubrica aberta não significa que necessariamente você tem o recurso. Ele dependia do pré-sal, da venda de índices e de termos superávit. Quando isso aconteceu, colocamos esse recurso — explicou.
Leia mais
Câmara acata processo de impeachment do prefeito em Farroupilha
Vereadores da base sugerem renúncia do prefeito de Farroupilha
Protocolado novo pedido de impeachment do prefeito de Farroupilha
Claiton também voltou a classificar os pedidos de impeachment como consequência de disputa política em ano eleitoral. Ele disse ainda que as articulações partiram de grupos partidários que ocuparam o poder no passado, especialmente os partidos MDB e Progressistas, e acabou invadindo o próprio governo. Ele admitiu, contudo, que a perda de apoio no Legislativo - o segundo pedido de impeachment foi acolhido por unanimidade - pode ter ocorrido por falta de articulação.
— Talvez tenha faltado diálogo com eles. Meu método de trabalho é um pouco diferente. Eu venho da medicina nós temos algumas andanças bem estabelecidas na forma de trabalhar. Por exemplo, o médico não interfere no trabalho do anestesista durante uma cirurgia, e nós respeitamos muito essa diferença entre Executivo, Legislativo e Judiciário.