O quadro eleitoral para a disputa à prefeitura de Bento Gonçalves é incerto. Os presidentes dos partidos apostam que a eleição pode ter de três até nove candidatos. A indefinição quanto ao número de candidaturas acontece pela falta de um candidato governista para ser o sucessor do prefeito Guilherme Pasin (PP) e, pela primeira vez, haver uma eleição sem coligação para vereador. A novidade deve aumentar o número de candidatos a prefeito para proporcionar visibilidade das candidaturas para o Legislativo.
A principal aposta do PP não decolou. O vereador licenciado Eduardo Virissimo ganhou duas secretarias para impulsionar sua candidatura: Juventude, Esporte e Lazer e Habitação e Assistência Social. A falta de resultados nas pastas e de empatia com os eleitores está enterrando sua candidatura. O presidente da Câmara de Vereadores, Rafael Pasqualotto, era o plano B, porém denúncia do Ministério Público (MP) que investiga suposta venda de emenda no projeto de revisão do Plano Diretor da cidade prejudica a imagem do parlamentar.
O presidente do PP, Carlos Perizzolo, diz que o partido pretende “sem demora” encomendar uma pesquisa com os nomes de Virissimo, Pasqualotto, além de Amarildo Lucatelli (vereador licenciado e secretário de Viação e Obras Públicas) e de Neri Mazzochin (vereador).
– Temos três ou quatros nomes de vereadores que já se colocaram à disposição para concorrer (a prefeito). Também vamos avaliar nomes de outros segmentos.
Sem um nome consolidado dentro do PP, Perizzolo trata o vice-prefeito Aido Bertuol (PSDB) como o principal para liderar a chapa de situação. Ele já foi prefeito de Bento de 1986/1988 e 1993/1996. Outra opção é o secretário da Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira. Ambos são PSDB.
– Falamos seguido no nome do vice-prefeito Aido Bertuol. É um nome forte para compor conosco e o Diogo também, pela experiência de administrador (foi prefeito de Santa Tereza em 2009/2012 e 2013/2016).
O presidente do PSDB, Henrique Nuncio, comenta que tem se reunido com os partidos da base do governo para criar um projeto de continuidade da atual administração e que “reúna o maior número de partidos”. Precavido, diz que não é prioridade da sigla ter o candidato a prefeito, mas ressalta que o nome natural para concorrer é o do atual vice.
– É o sonho de cada partido apresentar um candidato para a cabeça de chapa. A gente quer um projeto que aglutine o maior número de partidos. Se esse grupo entender que o melhor nome é o do Aido, será indicado pelo PSDB. Eu acredito que ele seria candidato, mas não posso responder por ele.
OS PARTIDOS DA BASE
PSD
:: O presidente da sigla, vereador Anderson Zanella, confirmou que, por consenso, a sigla terá candidatura própria em 2020. A decisão ocorreu em reunião do diretório. O nome mais lembrado é o do advogado e empresário Paulo Caleffi. No ano passado, ele concorreu à Câmara Federal e fez 31.487 votos. É suplente do deputado Danrlei de Deus (PSD). Zanella, que também é o líder do governo na Câmara, tem o nome lembrado para a disputa a prefeito e diz que, se houver o entendimento de que seu nome é viável, está à disposição. Ele comenta que a decisão de o PSD apresentar uma candidatura não trouxe nenhum desentendimento com o PP (partido de Guilherme Pasin).
DEM
:: Cauteloso, o presidente do partido, o advogado Adroaldo Dal Mass diz que o DEM ainda não tem definição, mas admite que ele mesmo pode concorrer a prefeito. A sigla pode ainda apresentar um candidato a vice, ter chapa pura ou participar de uma composição. Dal Mass concorreu a prefeito na eleição de 2012.
– É muito cedo (para a eleição). Falta muito tempo para estabelecer condições definitivas. Temos quadros e podemos fazer parte da majoritária.
Cidadania
:: O Cidadania (ex-PPS), que ainda integra a base governista, trabalha para apresentar uma candidatura com chapa pura. O presidente Volnei Tesser é o principal nome da sigla. Ele já exerceu dois mandatos de vereador. Também foi secretário de Administração no governo do ex-prefeito Darcy Pozza e do Meio Ambiente na administração de Alcindo Gabrielli.
OS PARTIDOS ADVERSÁRIOS
MDB
:: Outro nome forte para a disputa é o do ex-prefeito Alcindo Gabrielli (MDB), que comandou a cidade de 2005 a 2008. Ele também foi vereador por dois mandatos. Desde abril, é diretor de Economia Solidária no Ministério da Cidadania do Governo Jair Bolsonaro (PSL).
Depois de 11 anos afastado de função pública, mas não de atividade política, como gosta de frisar, Gabrielli diz que está à disposição do partido para concorrer.
Provocado de que estava com discurso de candidato, respondeu:
– Estou com discurso de quem está à disposição de servir à cidade. Não é um projeto pessoal, mas não vou fugir da responsabilidade se for necessário.
Procurado para comentar a possível candidatura de Gabrielli, o presidente do MDB, vereador Idasir dos Santos, não atendeu à reportagem por problema de saúde na família.
PT
:: O partido, que governou a cidade de 2009 a 2012 com o então prefeito Roberto Lunelli, morto em acidente de trânsito na véspera da última eleição municipal, terá candidato no ano que vem. Porém, o nome será mantido em sigilo até o período das convenções, de 20 de julho a 5 de agosto do ano eleitoral.
O presidente do PT, Juvelino Milese, adianta apenas que o candidato é um filiado antigo e advogado aposentado.
– Não vou divulgar (o novo do candidato). Tem muito tempo pela frente. Vamos lançar o nome aos 45 minutos do segundo tempo.
Milese ressalta ainda que o cenário eleitoral deve sofrer alteração com a abertura da janela partidária prevista para ocorrer em fevereiro.
PL (ex-PR)
:: Com a experiência de duas disputas eleitorais, o presidente do Partido Liberal (ex-PR), Evandro Speranza, deverá concorrer novamente à prefeitura. Ele conta que já conversou com outros partidos como PDT, PTB, PRB e MDB sobre uma possível composição.
– Tenho a política como ideal, não tenho como profissão. Ou concorro a prefeito ou não concorro a nada.
Speranza diz que pode conversar com todos os partidos, menos com os representantes do Governo Pasin.
– Sou ferrenho opositor. Não aceitamos nem conversar com eles.
PDT
:: Três nomes são colocados para o próximo pleito: o do vereador Moacir Camerini, do ex-prefeito Fortunato Rizzardo e do empresário Juarez Piva. Camerini e Rizzardo têm desgastes. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal investiga a responsabilidade de Camerini sob argumento de que mandaria ex-assessores repassar mensagens em perfis falsos para atingir adversários políticos.
– Sou pré-candidato a prefeito, mas não tenho visto movimentação do partido para se organizar para a campanha. Se o partido não quiser que eu concorra, vou procurar outra sigla na janela partidária.
Camerini pode concorrer também a vice-prefeito.
– Não concorro mais a vereador – garantiu.
Já Rizzardo foi condenado pelo desvio de recursos destinados pela União à prefeitura para construção de um hospital psiquiátrico, durante gestão que ocorreu de 1989 a 1992. O hospital nunca foi erguido. Ele também foi prefeito de 1977 a 1982.
O presidente do partido, Manuel Nobre, diz que Rizzardo comentou que não tem mais pendência com a Justiça Eleitoral. Conta com o apoio dos pedetistas.
Novo
:: O Novo também deverá apresentar um candidato à disputa. O líder dos apoiadores do Novo em Bento, Marcelo Carraro, conta que o partido já tem dois nomes que deverão participar do processo seletivo, mas prefere não anunciar. A principal figura do Novo é o ex-jogador de vôlei Rafael Fantin, o Dentinho, porém Carraro comenta que ele deverá concorrer a uma cadeira na Câmara.