Os candidatos Edson Néspolo (PDT) e Daniel Guerra (PRB) disputarão o 2º turno da eleição para prefeito de Caxias do Sul. O resultado oficial foi confirmado por volta das 19h40min de domingo, menos de três horas depois do término da votação.
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Néspolo, candidato da continuidade da atual administração, à frente de uma coligação de 21 partidos, obteve um percentual importante de 43,5% dos votos válidos em 1º turno. Já o feito de Guerra, que conquistou índice de 29,1%, foi deixar o candidato petista Pepe Vargas de fora da disputa – o ex-prefeito de Caxias alcançou 25,2% da votação válida. A candidatura petista, como em outras cidades importantes do país, acabou abatida pelos efeitos da avalanche produzida pela Operação Lava-Jato, aproveitada por outros partidos para fazer grudar no PT a imagem de alvo principal das ações anti-corrupção comandadas pelo juiz Sergio Moro.
Desde o início da apuração, os percentuais das três chapas principais se mantiveram praticamente inalterados, como um relógio. Foi uma característica desta eleição.A partir de agora, os dois candidatos passam a projetar os próximos passos até o segundo turno, e já é possível afirmar que a campanha será acirrada. Guerra, vereador em segundo mandato, tem sido na Câmara o principal crítico da atual administração. A relação política entre a bancada governista e a bancada composta por Guerra e o outro vereador do PRB, Renato Nunes, é inviável. Às vezes, nem respeitosa ela é. Esse ambiente, de forma inevitável, será transferido para os embates de campanha no 2º turno. Já houve rusgas fortes entre Néspolo e Guerra no primeiro turno.
Também quanto à conquista de apoios, esta será um tarefa difícil para ambos os candidatos. PT e PSOL são críticos da atual administração, mas não possuem nenhuma afinidade ideológica com Guerra. Já o PCdoB até participou do atual governo, ocupando vaga no secretariado do prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). Mas a postura de Néspolo, de apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, dificultará uma reaproximação. Não por acaso, Assis Melo, o candidato do PCdoB à prefeitura, começava suas intervenções na campanha eleitoral com o bordão “primeiramente, fora, Temer”. Por fim, a Rede, que teve desempenho eleitoral pequeno, surgiu em Caxias aglutinando algumas lideranças bastante críticas à atual administração. Quanto ao PT, Pepe já afirmava ontem que o diretório deve se reunir nos próximos dias para uma posição oficial, mas é possível projetar que ela não indicará apoio nem a Néspolo, nem a Guerra. Ainda assim, não é improvável que simpatizantes da candidatura petista destinem seus votos em segundo turno para algum candidato.
O desafio para Néspolo será impulsionar a campanha de tal forma a vencer o fosso de 6,5% dos votos que o separa da maioria absoluta para ganhar a eleição. Já Daniel Guerra surge como uma novidade no cenário eleitoral, com um discurso ao gosto de parcela do eleitorado, de crítica aos partidos tradicionais. Esse perfil tem um peso inegável. Vai procurar falar diretamente ao eleitor e tem espaço para crescer. Resta ver se crescerá o suficiente para vencer a eleição. A tarefa não é fácil.