Em entrevista à Revista Fórum, a presidente afastada Dilma Rousseff confirmou que enviará na semana que vem uma carta aos senadores e à população propondo um plebiscito que decida pela convocação ou não de novas eleições diretas. A presidente afastada disse que essa é a única maneira de restabelecer um governo legítimo no país.
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– A escolha direta é importantíssima. A única repactuação possível é por baixo, através de eleição – afirmou Dilma.
A presidente afastada salientou que a carta “ainda está em processo de discussão, mas não fugirá desses pontos".
Durante cerca de uma hora de entrevista, Dilma também voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade nas pedalas fiscais.
– Esse fato é uma interrupção, uma verdadeira ruptura democrática. Esse impeachment está baseado em um não crime – explicou.
Dilma disse ainda que o PT precisa que passar por “uma grande transformação em que se reconheça todos os erros que se cometeu” e que seu governo falhou ao não compreender o tamanho da crise política no país. Ela também admitiu que se arrepende de ter composto a chapa com o vice Michel Temer na última eleição presidencial.
– Um dos meus erros foi não perceber que havia uma transformação no PMDB. Fomos contaminados não apenas pelo PMDB, mas sim por todos os pequenos partidos de centro que se uniram em torno do Eduardo Cunha.
Durante a conversa com os jornalistas da Revista Fórum, Dilma Rousseff também criticou a estrutura de governo montada por Temer.
– Acho as propostas muito ruins, além de ser um governo de homens, brancos e ricos que tentaram acabar com a cultura e com os direitos humanos – explicou.
Dilma Rousseff se mostrou confiante em relação a uma possível reviravolta na votação do afastamento no senado.
"Para isso, falta uma coisa ainda, a consciência dos nossos senadores", afirmou.
"Serei lembrada como a primeira mulher presidenta que superou um processo de impeachment sem base, sem crime de responsabilidade, e que soube reconduzir a democracia", completou.
Para voltar ao governo, Dilma precisa que 28 dos 81 parlamentares votem contra o impeachment.
*Zero Hora