A construção de um aeroporto internacional para o transporte de cargas e de passageiros no distrito caxiense de Vila Oliva, economizando tempo e custo, de forma a possibilitar o aumento de competitividade do setor empresarial, integra a lista de temas prioritários para a região. De janeiro a agosto deste ano, as exportações em Caxias do Sul contabilizaram US$ 536,2 milhões (em quilos, foram 179,1 milhões), de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O transporte desta produção é feito via rodovias, geralmente até Campinas (SP), e de lá é exportada por aviões cargueiros. O único aeroporto internacional no Estado, o Salgado Filho, na capital, é considerado deficiente para aviões cargueiros, por não ter pista suficiente. Aos portos são encaminhadas peças maiores, como carroceria de ônibus, mas, havendo urgência, também é transportada por via aérea.
O diretor de Infraestrutura e Política Urbana da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), Nelson Sbabo, diz que levantamento efetuado pela entidade em fins de 2012 constatou que 320 mil toneladas/mês poderiam ser embarcadas. O número se baseia no que é transportado pelas empresas aéreas. Para o futuro aeroporto, ainda não há capacidade definida para o terminal de cargas.
Como as cargas aéreas da região são transportadas por via rodoviária até Campinas ou Guarulhos (SP), a situação se reflete ainda na demora para a reposição de peças.
- Hoje, normalmente, a reposição é feita pelo transporte aéreo. Quando é uma peça pequena, que pode ser carregada em aviões de passageiros, é utilizado esse sistema, mas, quando é uma peça maior, vai por via rodoviária, onde é embarcada num avião cargueiro para o destino final. Se tivermos um transporte aéreo adequado e com frete compatível, até cargas grandes não fracionadas podem ser embarcadas num avião cargueiro diretamente daqui para o destino final - projeta.
Ele lembra que um aeroporto desses não será construído em menos de cinco ou seis anos. E há necessidade de rodovias.
Produtos exportados
Nos oito meses de 2014, os principais itens exportados foram carroçarias e cabinas; guarnições de fricção (placas, rolos, tiras, segmentos, discos, anéis, pastilhas) não montadas para freios e embreagens; partes e acessórios de veículos. Chile, Estados Unidos e Argentina lideram a lista. Em todo o ano passado, o volume de exportações foi de US$ 925,4 milhões (242 milhões de quilos). Já as importações somaram US$ 304,9 milhões neste ano. Os produtos vieram, prioritariamente, de China, Itália e Estados Unidos.
Parceria entre Estado e município
Com investidores estrangeiros - dos Estados Unidos, Coreia do Sul e Espanha - e nacionais interessados em construir e explorar o Aeroporto da Serra Gaúcha, os projetos de implantação esbarram nas desapropriações de 445 hectares. O valor dessas áreas já supera os R$ 15 milhões inicialmente anunciados, que serão bancados pelo governo do Estado, conforme compromisso assumido.
O estágio atual é a elaboração de documento entre prefeitura de Caxias e governo do Estado, definindo a contrapartida do município para que o imóvel fique em seu nome, diz o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT):
- Foi feita uma avaliação e havia uma pequena divergência entre o Estado e o município. Mas o Estado concordou com o laudo e está tudo certo. A prefeitura, junto com o governo estadual, está elaborando documento para o convênio da contrapartida do município. Os departamentos jurídicos estão vendo como pode ser feito.
O documento pretende deixar claro que o Estado pode pagar, e o imóvel pode ser escriturado em nome da prefeitura. Alceu disse que os estudos preliminares apontam para isso.
A compra das áreas terá a contrapartida do município, justificando assim o investimento do Estado. A contrapartida consistiria em levantamentos fotogramétricos e trabalhos complementares. Alceu não fala qual o custo atual, para preservar a negociação.
O representante da CIC, Nelson Sbabo, diz que esse impasse atinge, além do projeto de implantação do aeroporto, os proprietários da área, que está indisponível.
- Uma hora o aeroporto vai ser construído. É preciso pensar no lado deles, pois são empresários, têm pomares, estufas, casas, e estão preocupados.
Quanto à manutenção do compromisso por parte do Estado, resultante das eleições, Sbabo destaca:
- Todos os candidatos estão comprometidos. Entre a palavra e o efetivo aporte de recursos, estamos num impasse.