A prisão de Osoni da Conceição, conhecido como Dudu, apontado pela polícia como um dos líderes do tráfico na Serra, em um apartamento em Copacabana (RJ), na terça-feira (9), é resultado de um amplo trabalho de integração entre as forças de segurança da Serra. Natural de Cambará do Sul, o homem de 38 anos é, segundo a polícia, um dos principais líderes de uma organização criminosa criada no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, que, ao longo dos anos, criou ramificações na Serra.
Considerado de alta periculosidade, Dudu, que usava um nome falso no RJ, estava foragido desde 2020. Naquele ano, já havia sido condenado há 30 anos de prisão. Em 2019, ele foi transferido do presídio do Apanhador para a Penitenciário Estadual de Charqueadas. De lá, ele deixou a prisão com a determinação de usar tornozeleira eletrônica, mas pouco tempo depois rompeu o dispositivo e fugiu.
— Como era um líder atuante, com participação na maioria dos homicídios que acontecia em Caxias do Sul, ele não ficou aqui no Rio Grande do Sul, o que dificultou as nossas ações. Ele é um líder e, para nós, é essencial tirar das ruas uma pessoa tão perigosa, um mandante de diversas execuções na cidade. Ele estava há um tempo sendo monitorado no Rio de Janeiro — explica o capitão do 4º Batalhão de Polícia Choque (BPChoque), Rogério Schuh dos Santos.
O foragido será transferido do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul nos próximos dias, mas ainda não se sabe em qual presídio ficará. O delegado Rodrigo Kegler Duarte, que está à frente da Delegacia Regional durante as férias do titular, Augusto Cavalheiro Neto, espera que ele não fique em Caxias:
— O capturado ocupa importante posto dentro da facção criminosa que integra, sendo, portanto, fundamental a retirada dele das ruas e a manutenção dele fora desta comarca.
Homicídios, fuga do presídio e comando do tráfico na Serra
A fuga em 2020 não foi a primeira de Dudu, segundo a polícia. Em 16 de novembro de 2012, ao lado de outros cinco presos, ele fugiu da antiga Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics). Ele estava na cela 1A quando os detentos arrebentaram o beiral da janela com estoques artesanais. Os seis passaram pelo vão entre a parede e a grade e, após ter acesso ao pátio interno, pularam o muro. A fuga foi percebida por volta das 3h10min por policiais militares que faziam a guarda externa do presídio, localizado às margens da BR-116, no bairro Sagrada Família, em Caxias. Dudu havia fugido a pé em direção ao bairro Lourdes, mas foi atingido por uma bala de borracha e desmaiou.
Em Caxias, o líder do tráfico morava na Zona Norte. O nome dele ficou conhecido na cidade por ser autor de um triplo assassinato registrado em 20 de maio de 2007 em frente a uma boate em Ana Rech. Dez anos depois, em 13 de novembro de 2017, o nome do apenado apareceu em uma ocorrência de apreensão de duas submetralhadoras.
O preso foi condenado a 30 anos de reclusão pela autoria de três homicídios duplamente qualificados e uma tentativa de homicídio duplamente qualificada em Caxias. Ele também responde a outros cinco processos criminais em que é acusado de cometer mais dois homicídios, três tentativas de homicídio qualificado, fuga de presídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa e favorecimento real.
Contraponto
A defesa de Osoni da Conceição se manifestou por nota:
"A Defesa de Osoni da Conceição, representado pela Banca de Advocacia Fernando Alves Advogados Associados, ao tomar conhecimento de sua prisão ocorrida na data de ontem, no município do Rio de Janeiro, buscou informação acerca dos fatos. Tivemos acesso aos documentos elaborados quando da prisão do cliente sendo que este possuía apenas dois mandados expedidos pela Justiça Estadual de Capão da Canoa e Caxias do Sul, frutos de tentativa de homicídio no qual Osoni é vítima, tendo nos causado surpresa a prisão ter sido realizada por policiais federais, o que comprova existir investigação por referido órgão federal em desfavor do cliente. Assim, como não tivemos acesso a tais investigações não podemos nos reportar a esse assunto no momento, sendo a única medida urgente a ser adotada alusiva tão somente à transferência do cliente para Comarca aonde cumpria pena anteriormente a sua fuga, tudo em conformidade com a legislação pátria."