A Polícia Civil vai encerrar na sexta-feira (28), 20 dias após o acidente que matou Patrícia Aguiar Cabral, 40 anos, o inquérito sobre o caso. Patrícia foi encontrada em um cruzamento de Gramado, gravemente ferida, no dia 8 de julho. Ela morreu cerca de oito horas depois, no Hospital de Caridade de Canela. A motorista suspeita de envolvimento, presa há uma semana, deve ser indiciada por homicídio doloso, segundo o delegado Gustavo Barcellos, que também adianta que as condutas dos hospitais envolvidos seguirão sendo apuradas.
Sobre o que está no inquérito, Barcellos afirma que a polícia tem indícios de que a morte de Patrícia não foi acidental. A suspeita do crime, uma mulher de Três Coroas, presa desde o dia 19 de julho, teve o celular apreendido. Nele foram encontradas conversas que comprovam que ela consumiu bebida alcoólica no dia da morte de Patrícia. A polícia também conseguiu imagens de câmeras de segurança que mostram a suspeita bebendo em um bar momentos antes.
Em depoimento à polícia no dia 10 de julho, ela já havia assumido que ingeriu bebida alcoólica. Também disse que não se lembra de ter se envolvido no acidente com Patrícia, mas contou que colidiu o veículo que dirigia, uma Spin, em uma árvore quando voltava para casa.
A colisão entre o carro da suspeita e a moto que Patrícia conduzia ocorreu por volta das 23h55min do sexta-feira (7), no cruzamento das ruas Leopoldo Rosenfeld e Reinaldo Bertoluci, em Gramado. A Polícia Civil não conseguiu identificar quem acionou a Brigada Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e não há testemunhas que tenham visto a colisão, nem câmeras de segurança que tenham registrado a cena.
Patrícia foi atendida pelo Samu no local e encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado. Depois, foi transferida para o Hospital de Caridade de Canela, onde morreu por volta das 8h de sábado.
Patrícia era funcionária de um hotel em Gramado e morava em Canela. Ela deixou o marido e dois filhos.
Condutas de hospitais seguem em investigação
Barcellos destaca que os procedimentos adotados pelos hospitais envolvidos seguirão sendo investigados pela delegacia de Gramado, mesmo com o encerramento do inquérito que apura a colisão. A polícia busca entender se a transferência de uma cidade para a outra foi a conduta correta para o estado de saúde de Patrícia. Em depoimento, o marido da vítima, Jonas Isaque Gross, relatou que a esposa teria tido atendimento negado no primeiro hospital, pois o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) era de Canela. O Hospital Arcanjo São Miguel alega que a transferência foi necessária porque o aparelho de tomografia da instituição estava em manutenção.
À polícia, o Hospital de Caridade de Canela informou que a gravidade dos ferimentos da vítima, na transferência, teria sido amenizada. No relato, a instituição de Canela também disse que o médico que atendeu Patrícia, que chegou a ser sedada e intubada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não achou que o caso se tratava de uma morte violenta e, por isso, atestou a morte por queda de motocicleta e liberou o corpo da mulher à família sem acionamento da Polícia Civil.
A liberação incorreta foi motivo da interrupção do velório de Patrícia, por volta das 6h de domingo (9), para que o corpo fosse enviado à necropsia no Posto Médico-Legal (PML) de Osório. Após terem sido encontradas peças de carros próximo ao local da colisão e orientados por um advogado, parentes da mulher morta procuraram a Polícia Civil para questionar a condução do caso. O Hospital de Caridade de Canela, através da advogada de defesa, Rosilá Salbego, disse à reportagem que não tem manifestação à imprensa neste momento e que todas as informações solicitadas pela Polícia Civil foram repassadas.