Em uma ação sigilosa da Polícia Civil de Santa Catarina na semana passada, 10 integrantes de uma célula skinhead neonazista que já haviam sido detidos em novembro de 2022 e em março deste ano e soltos em abril, foram presos novamente. Dentre os presos, segundo o delegado Arthur Lopes, titular da Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância de SC, estão os moradores de Caxias do Sul Fábio Lentino e Rodrigo de Jesus Tavares. As prisões foram divulgadas nesta segunda-feira (24).
Segundo apuração do G1, com o grupo foram localizados, nesta fase da operação, novos objetos com referência ao nazismo. Os 10 homens haviam sido presos entre o final de 2022 e em março de 2023. No dia 7 de abril, todos foram soltos. No entanto, o Ministério Público (MP) catarinense entrou com um novo recurso e o grupo novamente foi detido. Os outros presos, segundo o G1, localizados em Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, são Saiuri Reolon, Rafael Romann, Miguel Angelo Gaspar Pacheco, Laureano Vieira Toscani, João Guilherme Correa, Julio Cezar de Souza Flores Júnior, Igor Alves Vilhaça Padilha e Gustavo Humberto Byk.
Conforme a Polícia Civil, os presos já respondem a um processo criminal por integrar a célula, além de apologia ao nazismo e racismo. A advogada de Lentino e Tavares, Daiane de Oliveira, enviou uma nota na manhã desta terça-feira (25): "A defesa técnica informa que houve a apresentação espontânea dos acusados. Sendo que em razão do sigilo da própria ação, a legalidade e requisitos da prisão preventiva serão devidamente discutidas no bojo da ação penal.". A reportagem tenta contato com a defesa dos outros homens, mas ainda não recebeu retorno.
Segundo a investigação, os 10 homens estavam em uma reunião anual de uma célula neonazista em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, em 14 de novembro de 2022. No dia da operação, apenas oito deles haviam sido encontrados e presos. Dois, que foram embora do local um dia antes da deflagração da ação, foram detidos em 29 de março. De acordo com a Polícia Civil, que já monitorava o grupo, eles escolheram o município por ser a primeira colônia alemã em Santa Catarina, instalada em 1829. No sítio, a polícia encontrou revistas, panfletos e outros objetos com símbolos de grupos supremacistas. De acordo com o MPSC, as investigações apontam que eles agem com forte exaltação à ideologia fascista e apologia ao nazismo.