O Tribunal do Júri de Caxias do Sul absolveu os dois réus acusados do assassinato de Edson Nunes Júnior da Silva, 33 anos, ocorrido durante uma briga familiar no interior do município, em 2019. Os acusados, Assis Correa e Jean Pierre Correa, eram sogro e cunhado da vítima, respectivamente. Os jurados reconheceram o contexto da desavença e entenderam que Assis Correa agiu para defender a filha, casada com Edson e que era ameaçada pelo companheiro, segundo as testemunhas de defesa.
O plenário ocorreu na última sexta-feira (9). A acusação foi feita pela promotora Graziela Lorenzoni que, inicialmente, requereu a absolvição de Jean Pierre Correa entendendo que este golpeou a vítima com pontapés, mas não com capacidade ou intenção de matar Edson. Ou seja, agrediu a vítima caída, mas não participou do homicídio praticado pelo pai Assis. Esta conclusão do Ministério Público foi acatada pelos jurados.
Sobre o autor confesso da morte, a promotora Graziela entendeu que não houve legítima defesa, mas reconheceu o contexto do conflito. Por isso, o Ministério Público reconheceu uma privilegiadora, de injusta provocação, por Edson ter destratado a filha de Assis. O MP defendeu que Assis fosse julgado por homicídio simples.
— A vítima era usuário de crack e, naquela noite, após ingerir álcool, ficou agressivo e desejoso da droga, por isso passou a investir contra a esposa (filha e irmã dos réus). Isso desencadeou a discussão e as agressões. Os jurados fora mais longe, não aceitaram a tese do Ministério Público, e o absolveram, não restando nada contra o Assis — relata a promotora.
O assassinato aconteceu no dia 2 de fevereiro de 2019, na localidade de Tunas Altas, no distrito de Vila Oliva, zona rural de Caxias do Sul. Os réus Assis Correa e Jean Pierre Correa eram sogro e cunhado da vítima, respectivamente. Edson foi morto com golpes de barra de ferro e foice dentro da casa em que morava.
Conforme a denúncia do MP, houve uma discussão na cozinha da moradia até que Assis golpeou o genro na nuca com uma barra de ferro. Edson caiu desmaiado. Acompanhado de seu filho Jean Pierre, Assis continuou a espancar a vítima caída e utilizou uma foice para golpear repetidamente a cabeça o genro.
Com a vítima já morta, segundo a denúncia, Assis e Jean Pierre enrolaram o corpo com lona e o levaram até uma estrada de chão, escondendo o corpo em um matagal. Dois dias depois, o corpo de Edson foi encontrado a quatro quilômetros da casa em que morava, em uma estrada vicinal de Vila Oliva que dá acesso a Tunas Altas.
Pai e filho tiveram a prisão preventiva decretada em 12 de março de 2019. Após a pronúncia, o juiz Rafael Morita Kayo revogou o mandado contra Jean Pierre, que passou a responder o processo em liberdade provisória.
No interrogatório durante o processo, Assis alegou que estava dormindo quando foi acordado pelos gritos de sua filha, que dizia que o marido iria matar a todos. O réu afirma que saiu do quarto e "deu um branco naquela hora". Ele só lembra de ver a vítima já caída no chão. Na continuidade do depoimento, Assis afirmou que a vítima avançou contra ele com uma faca, por isso pegou uma barra de ferro, mas não lembrava o que aconteceu depois. O réu ainda afirmou que matou o genro sozinho, sem a ajuda do seu filho Jean Pierre.
Em juízo, Jean Pierre admitiu ter chutado a vítima quando ela estava caída, mas que foi empurrado pelo seu pai que disse para não se envolver. Depois, o réu alega que foi para seu quarto e não soube mais o que aconteceu. Jean Pierre também afirmou que o pai agiu em defesa da família, pois Edson seria agressivo e possuía facas a sua disposição no local da briga.