Investigadores da Polícia Civil ouviram testemunhas para tentar esclarecer as circunstâncias da morte de um cachorro depois de sofrer graves queimaduras em Caxias do Sul. Com base no relato de uma das pessoas à polícia, o cão teria se queimado em um incêndio em um terreno baldio na Rua Alvarenga Peixoto, no bairro Presidente Vargas. Ele foi resgatado por funcionários do Hospital Geral na terça, recebeu atendimento, mas morreu no final do dia.
O Corpo de Bombeiros confirmou à polícia que atendeu uma ocorrência de fogo em lixo em terreno baldio, na última segunda-feira (11), por volta das 19h30min. Quem ligou para a corporação teria dito que no local onde havia um casebre improvisado, poderiam estar abrigados pessoas e animais. Os bombeiros não encontraram vítimas do incêndio na ocasião.
— Um casal de moradores de rua fez um casebre perto de um muro em um terreno baldio e ficou ali. Uma testemunha viu que um grupo fez fogo no chão nesse terreno onde havia um casebre, longe desse local onde eles dormiam, e que eles saíram do local. Esse fogo com o vento deve ter se alastrado e pegou fogo nessa pequena barraca que eles tinham. E essa mesma testemunha disse que viu um cachorro sair do meio do meio do fogo correndo. Presumo que ele estava dentro dessa casinha, isso indica que pode ter sido um acidente — afirma o delegado Edinei Albarello, que responde pelo 3º Distrito Policial.
Contudo, ele destaca que ainda não está claro as circunstâncias em que o cachorro sofreu as lesões, por isso, seguem as investigações:
— Essas informações são com base no relato de uma testemunha que disse que viu o cachorro sair desse local. Não sabemos se ele estava amarrado, mas ele estava lá, e os moradores não estavam quando começou o fogo. Identificamos alguns desses moradores, mas ainda não conseguimos localizar essas pessoas. Em princípio foi um incêndio acidental, mas vamos buscar mais informações para esclarecer como tudo aconteceu — aponta o delegado.
Queimaduras em todo o corpo
A veterinária Luciana Guidolin, que atendeu o cachorro afirma que chama a atenção o fato de todo o corpo do cão estar queimado:
—Não era uma queimadura recente porque já tinha tinha infecção, então essa queimadura tinha algumas horas já. É estranho que todo o corpo dele estava queimado. Não entendo como ele pode ter se queimado tanto, porque se estivesse em um lugar em que colocaram fogo ele teria fugido, não teria se queimado daquele jeito.
Ela destaca que é como se o cão tivesse ficado muito tempo exposto ao fogo:
— Todos os pelinhos dele estavam queimados, as patinhas, a boca, os olhos, tudo. É como se ele tivesse ficado muito tempo queimando para ter afetado todo o corpo — argumenta a veterinária.
Ongs cobram justiça
Em notas, as Ongs cobram justiça pelo cão que foi identificado como Negrão. Ele era um cão comunitário, e tinha uma casinha azul, com cobertas, e em frente a um bar na Rua Alberto de Oliveira. A identificação foi possível depois da comoção gerada pelo caso, sendo que o Instituto Patinhas que auxiliou no resgate recebeu inúmeros contatos e fotos do cão.
— Negrão era um cãozinho comunitário, bem cuidado e amado por todos que o conheciam. Foi descrito como um cão dócil, amigo, amoroso e simpático. Ele vivia livre nas redondezas do bairro, onde tinha casinha, cobertores, água e comida. Mesmo com tantas informações, permanece os questionamentos: como ele teve esse fim trágico e bárbaro? Como seu corpo foi queimado por inteiro, incluindo boca e olhos? — questiona a presidente da ONG, Natiele Gomes.
Ela ressalta que é o instinto do cão seria correr do fogo, assim como dos seres humanos.
— A polícia conversou com alguns moradores que afirmaram que Negrão estava sempre solto, não preso, o que possibilitou seu deslocamento até o hospital em busca de ajuda, mesmo com 100% do corpo queimado. Independente do motivo do fogo no terreno, quem fez isso sabia que ele estava lá e com certeza ouviu o desespero do Negrão ao ser queimado vivo — acredita ela.
Um homem que trabalha nas proximidades conta que alimentava o cão quando ele passava pelo local.
— Eu dava água e comida quando ele aparecia aqui, mas quem realmente cuidava ele era o pessoal do bar onde tem a casinha dele. Eu fiquei muito triste com tudo isso porque o Negão era muito doce.
Em outro caso, cão foi jogado de carro em movimento
Além do caso do cão que morreu após ser queimado, o 3º Distrito Policial investiga a morte de um cachorro após ser arremessado de um carro em movimento na BR-116, no último domingo (10). Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
— Encontramos testemunhas que socorreram o cachorro, mas não temos ainda a placa e o modelo do carro. Já localizamos o tutor, e ele teria postado nas redes sociais que o cão havia fugido, inclusive, foi avisado por quem fez o resgate sobre o que aconteceu com o cachorro dele — explica o delegado Edinei Albarello, que busca mais informações para esclarece como ocorreu o fato.