A Penitenciária Estadual de Caxias do Sul (Pecs), que fica no distrito do Apanhador, será a única casa prisional da Serra contemplada com bloqueadores de sinal de celulares no primeiro pacote previsto pela Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo. A Pecs é a maior da região e abriga mais de mil detentos. Desde 2016, a penitenciária é apontada como base de duas facções da Serra. Por isso, a importância de evitar a comunicação destas lideranças criminosas, utilizada para planejamento de crimes — como a sequência de 12 assassinatos em maio.
Segundo o delegado penitenciário regional, Fernando Dermutti, a empresa responsável tem prazo até o final do ano pra fazer a instalação. Por enquanto, o único procedimento feito foi a análise da casa prisional na RS-453, próximo ao limite com São Francisco de Paula.
Celulares são proibidos no sistema penitenciários, mas as cadeias gaúchas não conseguem impedir a entrada dos aparelhos, que acontece de formas variadas e por vezes até bastante engenhosas. Somente em 2021, 13 mil aparelhos foram recolhidos nas cadeias gaúchas.
Além das guerras de facções pelo tráfico de drogas, os crimes de estelionato também são impulsionados por detentos com acesso a celulares. Por isso, representantes da Polícia Civil e Brigada Militar apontam a necessidade de um controle maior dos celulares nas cadeias. Na tentativa de reverter este cenário, o governo do Rio Grande do Sul passou a instalar em maio bloqueadores de celulares em penitenciárias.
São R$ 29,2 milhões previstos por meio do programa Avançar para a contratação da tecnologia. Até novembro, segundo a Secretaria de Sistemas Penal e e Socioeducativo, a expectativa é de que 15 unidades prisionais tenham recebido os sistemas, incluindo aquele capaz de impedir o sobrevoo de drones — outra forma usada por criminosos para levar telefones, drogas e até armas para dentro das cadeias.
Nessas penitenciárias, está recolhida 49% da população carcerária em regime fechado no Estado — o que representa cerca de 7 mil encarcerados, segundo a secretaria. O RS mantém atualmente 43,5 mil pessoas que constam como presas, mas estas estão divididas entre regime fechado, semiaberto, aberto e detidos de forma provisória. Ao todo, o RS conta com 150 unidades prisionais, ou seja, elas representam 10% do total.
As penitenciárias foram escolhidas com base em critérios como não haver nenhum tipo de sistema de bloqueio, representar ao menos uma unidade por região penitenciária, número de drones flagrados sobrevoando o local e de apreensões e ocorrências envolvendo celulares. De janeiro a março deste ano, foram recolhidos 3,5 mil aparelhos em prisões do RS. Soma-se a esses fatores a análise estratégica sobre as casas prisionais onde há presença de lideranças do crime organizado.