Uma ótica e uma farmácia foram assaltadas em Caxias do Sul no dia 3 de janeiro. No dia seguinte, outro roubo a comércio. A primeira semana de 2022 ainda teve um quarto assalto. Duas semanas depois, na terça-feira (25), o autor destes quatro crimes se apresentou na delegacia. Ele já tinha sido identificado graças as câmeras de monitoramento e confessou os crimes. A sequência de fatos ilustra como as forças policiais caxienses mantêm sob controle os números de roubo ao comércio na maior cidade da Serra.
Márcio Vieira de Quadros, 43 anos, é um criminoso iniciante, ou seja, que não possuía histórico policial. Usando uma máscara de prevenção ao coronavírus, ele entrava no comércio e ameaçava os funcionários dizendo estar armado. Em poucos instantes, fugia levando o dinheiro dos caixas.
A sequência de crimes na primeira semana de janeiro chamou atenção da Brigada Militar (BM) e Polícia Civil, que passaram a trocar informações para identificar o suspeito. As imagens das câmeras são um diferencial neste ponto.
— As câmeras são essenciais e parte fundamental deste controle dos indicadores. Mesmo se a câmera do comércio (assaltado) não ajuda, ainda pode ter uma do entorno. É algo que sempre reforçamos nos representantes dos comerciantes. Câmeras de boa qualidade e bem posicionadas. Por elas, temos várias formas de identificar os autores e pedir sua prisão — explica o delegado Vitor Carnaúba, da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP).
Com a prisão preventiva decretada, Quadros se apresentou a 1ª DP acompanhado de um advogado. Em depoimento aos policiais, ele confessou os assaltos e alegou um momento complicado na sua vida, em razão de uma demissão, separação da família e uso de bebida alcoólica.
— Um criminoso iniciante, sem histórico. Se aventurou e logo conseguimos a prisão. Também é forma de "desincentivo" para estes roubos. Este tipo de crime está num nível bem baixo, sob controle, e temos este trabalho constante de acompanhamento. Sempre que começa a acontecer, fazemos esta troca de informações até identificar o autor e conseguir a prisão — destaca Carnaúba.
— É um trabalho integrado para chegar logo nesta identificação. Quando tem um mandado, ficamos atentos em todos os locais possíveis para fazer esta prisão. Este cidadão, se não fosse preso, poderia cometer mais quantos crimes? É um criminoso que aumenta os indicadores, porque atuam em sequência, nesse caso foram quatro assaltos em uma semana — corrobora o major Wagner Carvalho, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
Além da ação policial, o delegado Carnaúba destaca o apoio do Poder Judiciário e Ministério Público para a celeridade destes mandados de prisão. O entendimento, compartilhado entre todos, é que estes assaltos possuem um potencial risco de se transformarem em um latrocínio (roubo com morte), por isso a repressão precisa ser ativa.
Média de oito assaltos por mês
No ano passado, Caxias do Sul contabilizou 102 assaltos ao comércio. A média de oito crimes por mês é considerada aceitável pelas forças policiais levando em conta que é uma cidade com mais de 500 mil habitantes. Vale lembrar que, sete anos atrás, em 2015, a média era de 56 roubos ao comércio por mês.
Os números de 2021 poderiam ter sido ainda menores, contudo o segundo semestre teve um aumento dos casos. Cinco dos seis meses tiveram 11 ou mais crimes. Fato que se repete neste primeiro mês de 2022, que já teve 13 crimes. A explicação seria, justamente, estes criminosos que aparecem e cometem diversos crimes em poucos dias, até serem presos.
Outro exemplo desta situação aconteceu em dezembro, quando Everton Luiz Martins Ortelli, 33, segundo a Polícia Civil, teria cometido um primeiro roubo no dia 21 e foi capturado no dia 28, no bairro Cinquentenário. Ele foi indiciado por quatro assaltos na área central e teve a prisão preventiva decretada, após investigação da 1ª DP. Com o mandado judicial, policiais militares capturaram o suspeito, que segue recolhido no sistema penitenciário.
Trama semelhante aconteceu com Alexandre Vieira Pereira, 37. Ele é apontado como autor de quatro roubos a lotérica entre 12 de agosto e 7 de outubro. Ele foi preso em 13 de outubro pela BM, na Avenida Júlio de Castilhos, após o pedido de prisão preventiva pela Polícia Civil.