João Carlos da Rosa Gomes, 67 anos, foi condenado a 16 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato do ex-genro Luciano Vargas Silva, 45 anos, em Caxias do Sul. Já Mirto Gritti, 57, que era dono da casa onde Gomes morava, foi absolvido dos crimes de homicídio e ocultação de cadáver em julgamento que começou na quarta-feira (10) no Fórum de Caxias. Foram mais de 15 horas de júri e a sentença saiu pouco depois da meia-noite. Menos de 20 pessoas assistiram a sessão devido às restrições exigidas em função da pandemia de covid-19.
O crime aconteceu em 1º de agosto de 2017. O assassinato movimentou a cena policial naquele ano, uma vez que a vítima teve o corpo cortado em pedaços. O crime foi descoberto quando um catador encontrou pedaços de um cadáver em um contêiner de lixo na Rua Sinimbu, no bairro São Pelegrino no dia 2 de agosto daquele ano. As partes, que equivaliam a 25% de um corpo humano, estavam enroladas em sacos plásticos. Não foram encontradas a cabeça ou as mãos da vítima. Foi uma carta de baralho espanhol (às de espada), tatuada no antebraço da vítima que levou à identificação do santa-mariense, conhecido como Pig.
Depois da identificação os policiais foram até a casa do casal suspeito, ex-sogros da vítima, e verificaram que eles tinham se mudado naquela manhã de forma bastante urgente, segundo relato da esposa de Gritti. Um dos policiais decidiu verificar a lixeira do imóvel e encontrou uma caixa de serra elétrica, luvas e outros objetos que poderiam ter sido utilizados em um esquartejamento. A perícia foi acionada para verificar algum vestígio de sangue, que foi encontrado em paredes, tetos e portas, o que indicava que lá tinha sido o local do esquartejamento.
A Polícia Civil conseguiu mandados de prisão contra o casal fugitivo e Gomes foi preso em Santa Catarina. Trazido para Caxias do Sul, o réu ficou em silêncio. Durante o júri ficou clara a estratégia das defesas. As perguntas do advogado Nelson Lilioso de Freitas Silveira, que representava Gomes, eram direcionadas para demonstrar a relação conturbada entre o réu e ex-genro e um suposto comportamento violento da vítima, para argumentar uma legítima defesa do açougueiro quando esfaqueou Luciano Vargas Silva. A motivação do assassinato seria a possível guarda de uma criança à época com sete anos.
Já os advogados Mauricio Adami Custodio e Ivandro Bitencourt Feijó evidenciaram que a única prova contra o cliente, Gritti, era o depoimento do outro réu. A mulher de Gomes responde por ocultação de cadáver, portanto, não participou do júri. A acusação ficou a cargo do promotor Manoel Figueiredo Antunes e a sessão foi conduzida pelo juiz Silvio Viezzer. Gomes está recolhido ao sistema penitenciário desde a prisão dele em Santa Catarina no dia 17 de agosto de 2017.