Passados sete dias do assassinato de Dhiuliane Damiani Martins, 32 anos, a Polícia Civil de Caxias do Sul ainda investiga a identidade do adolescente que confessou a autoria do crime. Ele foi apreendido com a arma com a qual disparou pelo menos quatro vezes contra a dançarina. A vítima foi morta a tiros praticamente na porta de casa na Rua Visconde de Pelotas, no Centro, por volta das 16h do último dia (29). A identidade do jovem não é divulgada em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Depois de atirar contra Dhiuliane, o jovem foi perseguido por um policial civil que estava de folga. O agente que atua na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) tinha saído de casa quando viu o adolescente correndo em direção à Rua Tronca. Ele o perseguiu com uma moto e o deteve em flagrante. Na delegacia, o adolescente admitiu a autoria dos tiros e disse que a matou por vingança.
De acordo com a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Thalita Andrich, o jovem informou o nome aos policiais, mas no sistema não consta Registro Geral (RG) o que dificulta a busca pelo histórico para confirmar a identidade. Como ele disse que é de fora de Caxias do Sul, de um município que pertence à Região Metropolitana de Porto Alegre, os agentes da DPCA entraram em contato com os policiais daquele município para tentar identificar os pais ou responsáveis pelo adolescente:
— Ainda estamos aguardando cópias dos documentos da cidade dele, porque ele não tem RG. Entramos em contato com as autoridades daquele município para identificar se ele é quem diz ser, se tem 15 anos, se tem familiares, e se tem antecedentes. Pelo nome que ele nos disse que é o dele ele não tem passagens no sistema.
A delegada ressalta ainda que ele não detalhou a motivação do crime.
— Ele disse que era uma vingança, porque eles tiveram um desentendimento na rua, e segundo ele, não tinham nenhum tipo de relacionamento, apenas esse desentendimento aleatório. Precisamos confirmar todas essas informações assim que tivermos a comprovação do nome dele — explica ela.
O adolescente foi encaminhado ainda na semana passada para o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), onde segue internado. No momento em que foi apreendido, ele portava um revólver calibre .38 com numeração raspada. Ainda segundo a delegada, ele não revelou como adquiriu a arma.
Outro ponto que a delegacia ainda precisa esclarecer é como o adolescente chegou à cidade. Testemunhas afirmam que o jovem era conhecido por vender balas e doces no Centro:
— Ele disse que morava na rua e que chegou a Caxias do Sul cerca de uns 15 dias antes do crime, que veio de ônibus e sozinho, o que não parece fechar, porque ele diz ter 15 anos e também não tem documentos.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) crianças e adolescentes menores de 16 anos só podem viajar sozinhos se estiverem autorizados por qualquer um dos pais ou pelo responsável legal. Já o adolescente com idade igual ou superior a 16 anos poderá viajar no território nacional apenas com o RG original, independente de autorização judicial.
A caxiense Dhiuliane deixou dois filhos de 10 e 13 anos, mãe, pai e três irmãs. Dhu, como era chamada pelos amigos, era dançarina de funk, mas estava sem trabalhar na função desde que a pandemia começou.