Uma das mortes mais violentas da Serra neste ano completa um mês nesta terça-feira (8). O lixador de mármore Arlindo Elias Pagnoncelli, o Zinho, de 39 anos, foi espancado na praça central em Nova Prata e morreu no hospital 10 dias depois. A investigação da Polícia Civil responsabilizou 17 pessoas pelo linchamento, sendo 10 adultos e sete adolescentes. O inquérito está em análise pelo Ministério Público.
O linchamento aconteceu na principal praça da cidade, na frente da prefeitura, na noite de 8 de novembro. O caso envolveu mais de 40 pessoas, entre agressores e testemunhas, que foram identificadas e ouvidas pela Polícia Civil. Segundo a investigação, o linchamento foi motivado por uma suposta importunação sexual feita por Pagnoncelli a duas mulheres. O assédio não aparece nas imagens do tumulto, segundo a polícia.
A Polícia Civil indiciou dez adultos pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal seguida de morte, omissão durante o linchamento, corrupção de menores e falso testemunho. Quatro dos investigados foram presos preventivamente e outro continua foragido — eles são apontados como os que tiveram participação mais decisiva para a morte. A última informação policial é de que este suspeito teria fugido para Santa Catarina.
Entre os 10 indiciados, está um policial militar de Caxias do Sul que estava de folga na cidade. Ele foi flagrado nas imagens agredindo Pagnoncelli. Por ser brigadiano, ele responderá à Justiça Militar.
Entre os agressores também foram identificados sete adolescentes. A investigação relatou a conduta de cada um dos menores e encaminhou para análise do Poder Judiciário.
Na semana passada, a Polícia Civil prendeu a mulher que conclamou e instigou fortemente as agressões à vítima. A jovem de 21 anos foi detida no bairro Cinquentenário, em Caxias do Sul.
— Essa mulher presa conclamou a população e as pessoas saíram batendo. No final da investigação ficou claro que ela não foi tocada e nem assediada. A menina diz que foi tocada (por Pagnoncelli) e a família dela também diz. Provavelmente, ela (mulher presa) tenha tomado as dores da menina, fez a família se inflamar de ódio. A família, inicialmente, não faria nada se ela (presa) não estivesse ali — ponderou a delegada Liliane Pasternak Kramm na ocasião.