A criança que morreu após ser baleada em Bento Gonçalves na madrugada desta segunda-feira (2) foi identificada como Felipe Martins Garcia, seis anos. O menino completaria sete anos no dia 13 de agosto. Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento de Felipe.
De acordo com o relato de populares, quatro homens encapuzados teriam invadido a casa e disparado contra o pai da criança, de 26 anos. Os tiros atingiram o menino, que não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com a Brigada Militar (BM), o crime ocorreu por volta das 2h20min na Rua Bramante Mion, no bairro Ouro Verde. Quando a polícia chegou ao local, as vítimas já haviam sido socorridas. O pai do menino, Leonardo de Oliveira Garcia, foi atingido na altura do ombro. Ele está internado em estado estável.
De acordo com a delegada Maria Isabel Zerman Machado, que atende o caso, a equipe de investigação se deslocou ao hospital ainda durante a manhã para conversar com a vítima e com a testemunha, companheira dele.
Ainda segundo ela, o homem que sobreviveu é natural de São Borja e tem antecedentes por receptação, ameaça, lesão corporal e posse de drogas.
— A princípio, acreditamos que o alvo era o Leonardo (pai do menino). Mas com a oitiva vamos conseguir apurar há quanto tempo a família estava em Bento Gonçalves e o que estavam fazendo aqui — explica a delegada.
A violência do crime também chamou atenção das forças policiais:
— A gente fica bastante perplexo. Ano passado tivemos uma grávida. Costumeiramente, (as vítimas) são homens envolvidos com o tráfico. Estamos com todos os nossos esforços para apurar a autoria desse crime — completa Maria Isabel.
A delegada orienta que informações sobre a autoria do homicídio podem ser repassadas pelos telefone (54) 3453.2500. O sigilo é garantido.
Moradores e vizinhos evitam falar sobre o crime
As marcas de bala e sangue no chão na porta do apartamento onde o menino morava são resquícios de uma noite marcada pela violência em Bento Gonçalves. Moradores e vizinhos evitavam falar sobre o crime na manhã desta segunda-feira. Ainda assustados e abalados com a morte da criança, eles desconversaram quando questionados sobre o que viram ou ouviram. Uma moradora que não quis se identificar conta que ouviu os tiros, mas não saiu da cama:
— Eu escutei os tiros, mas como tomei remédio nessa noite, não me dei conta. Mas também não teria levantado porque é uma situação que assusta.
A família do menino, segundo os moradores, teria se mudado há pouco para o prédio.
— Não tinha contato com eles. Sei que era um casal novo e o menino. Eram tranquilos. Eu via sempre ele (o homem) pegar a esposa e o filho para irem tomar chimarrão na praça — relata outra moradora.
Após o crime, outro vizinho cobra ações da polícia. Ele teme que isso volte a ocorrer:
— Uma outra família foi coagida a deixar esse mesmo apartamento e agora acontece isso. Por que nesse apartamento? Espero que as autoridades descubram o que está acontecendo.