Os três roubos com morte neste ano em Caxias do Sul foram cometidos por usuários de crack que precisavam saciar o vício. Essa característica foi destacada pelo delegado Adriano Linhares, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), para exemplificar mais uma vez o problema que é a droga em nossa sociedade. Na sexta-feira (23), Luís Francisco Siqueira Borges, 62 anos, foi esfaqueado e amarrado pela moradora de rua que acolhia em sua casa no bairro Belo Horizonte.
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O crime foi registrado às 18h30min e, pelos indícios de um assalto, a Draco foi acionada. Os investigadores identificaram a suspeita ainda naquela noite. O que demorou foi a sua captura, justamente por Jocemara Pereira Maciel, 38 anos, ser usuária de drogas e ter rumo incerto. A prisão aconteceu na tarde de sábado (24) em uma reciclagem do bairro Santa Fé.
Os acontecimentos deste final de semana, por outro lado, reforçam a postura de tolerância zero da Polícia Civil contra latrocínios. Desde 2016, Caxias do Sul registrou 27 roubos com mortes e todos foram esclarecidos, como mostra o Contador da Violência. Os cinco investigados pelos três crimes deste ano estão recolhidos preventivamente.
— É a prioridade, como também é o caso com sequestros. A equipe toda é mobilizada e não tem final de semana, dia ou noite. Obrigatoriamente, nos mobilizamos para resolver rapidamente. Matar uma pessoa para retirar o patrimônio é um absurdo e deve receber uma resposta imediata do Estado — afirma o delegado Adriano Linhares.
Latrocínios em Caxias do Sul:
2016: 8
2017: 9
2018: 5
2019: 3
Usuário roubava carros por R$ 5 a R$ 30
O primeiro latrocínio aconteceu no dia 5 de março, quando o dono de uma lavagem do bairro Salgado Filho foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto. Darci Alves de Brito, 68 anos, foi atingido por dois tiros no peito e na cabeça. De acordo com testemunhas, Brito tentou evitar que o criminoso levasse o carro de um cliente e por isso foi baleado.
No dia seguinte ao crime, Dieverson Marcos da Silva, 31, que foi apontado como o autor dos disparos, e Gregory de Souza da Silva, 23, que era o proprietário do Corsa azul utilizado no crime, foram capturados no bairro Mariani. Segundo a Polícia Civil, Dieverson confessou ser dependente químico e que costumava praticar roubos de carros em troca de R$ 5 a R$ 30.
Ambos os indiciados seguem recolhidos no sistema penitenciário. O processo teve uma primeira audiência no dia 2 de julho, mas o ato foi prejudicado pela colidência de defesas (quando os réus são representados pelo mesmo defensor, mas tem versões distintas). A Defensoria Pública foi intimada da situação e uma nova audiência foi agendada para 15 de outubro.
Dupla atacou casal a pedras
O segundo crime foi na madrugada de 6 de julho, quando um morador do bairro Charqueadas foi morto a pedradas. Maicon Roberto Contenda da Silva, 29, e a esposa foram perseguidos e atacados por dois ladrões quando caminhavam pela Rua Cristiano Ramos de Oliveira, cerca de um quilômetro da residência onde moravam. O casal tentou fugir, mas a mulher foi agarrada pelos cabelos. Ao reagir, o marido foi agredido com golpes de pedra e morreu. Os bandidos recolheram o dinheiro do bolso da vítima e fugiram correndo.
A coleta de informações levou até uma área verde que fica próxima ao crime e seria conhecida pelo consumo de drogas. Aproximadamente oito horas após o crime, Jovane Anschau Batista, 27, e Rodrigo dos Santos, 37, foram presos em flagrante e reconhecidos pela esposa da vítima.
A dupla possui antecedentes por furtos e um perfil considerado comum para usuários crack. Eles seguem recolhidos no sistema penitenciário. O processo está em fase de instrução na 4ª Vara Criminal.