A aliança nacional firmada em março entre líderes do PDT e PSB para a eleição municipal deste ano resultou em Caxias do Sul na criação da Frente Social Trabalhista, bloco formado pelas bancadas dos dois partidos na Câmara de Vereadores e pode refletir na candidatura das duas siglas à majoritária. Não se fala oficialmente sobre o assunto, mas o sentimento é de que há real possibilidade de uma chapa formada pelo dois partidos.
— O diálogo entre PDT e PSB está muito bom e deve continuar, pois é o ponto balizador de uma construção sólida — garante o presidente municipal do PDT, Mauricio Flores.
— Acho muito bom (a aproximação). Penso que (os partidos) têm programas semelhantes. Em Caxias, temos boa relação — completa Edson Néspolo, presidente da Gramadotur, de Gramado, e pré-candidato a prefeito de Caxias.
O vereador Alberto Meneguzzi (PSB) concorda que há afinidade entre os dois partidos e, por isso, a aproximação é positiva. O fato de o PSB formar hoje a maior bancada — com o ingresso de Rodrigo Beltrão, que deixou o PT na janela partidária, são quatro vereadores — dá ao partido possibilidade de alçar voos mais altos.
— O PSB nunca teve uma bancada tão grande. Não tem como conversar com o PSB sem falar em majoritária — destaca.
Para o presidente municipal do PSB, Adriano Boff, o bloco formado pelas duas siglas, que já se uniram para apresentar pedidos de informações e devem protocolar projetos de forma conjunta, é um sinalizador de que estarão juntos na eleição deste ano. Ou não, ele frisa. Boff deixa escapar que há um fator a ser considerado.
— Sabemos que PDT e MDB têm uma aliança histórica — se referindo aos 12 anos de governo em Caxias com o emedebista José Ivo Sartori nos oito primeiros e o pedetista Alceu Barbosa Velho nos quatro últimos.
"Pode ser"
Conforme Mauricio Flores, Néspolo e ele estão conversando com partidos do raio de atuação definido pelo PDT nacional e com siglas com que já compuseram em Caxias.
— O vice deverá sair desta construção que está evoluindo. Não posso especificar nada que foge da decisão do PDT, isso o grupo deverá decidir — diz Flores, apontando para a posição do PDT como líder da chapa.
Questionado sobre uma composição com o PSB para a prefeitura, Néspolo responde:
— Pode ser. Mas deixo isso para o presidente.
"Não conseguimos fazer reuniões presenciais"
As incertezas quanto ao pleito deste ano acabam gerando insegurança nos partidos. O clima é de quase não eleição por conta da pandemia de covid-19. Mas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que assumiu semana passada, projetou nesta segunda-feira (1º), em videoconferência com presidentes dos TREs, as datas de 15 de novembro e 6 de dezembro para as eleições em 1º e 2º turnos, respectivamente. Se o adiamento e a não realização em 4 de outubro são praticamente certos, a intenção do TSE é que a eleição se realize ainda este ano.
— Não conseguimos nem fazer reuniões presenciais, como vamos fazer um congresso para escolher os candidatos? Como vamos visitar eleitores? — questiona Adriano Boff.
Com a possibilidade de adiamento, aliás, Edson Néspolo evita falar sobre sua saída da presidência da Gramadotur — embora não precise se desincompatibilizar para concorrer em Caxias, por serem cidades diferentes.
— O meu titulo eleitoral é em Caxias, onde tenho casa também. Não preciso sair do cargo para concorrer. Mas semana que vem falamos com mais calma e definições — diz.