Lisiane Pandolfi conta a história de uma criança que conhecia o mundo pelos olhos de quem crescia no interior de Antônio Prado. Elas fazem da série Crônicas de Natal, que será publicada até o dia 25 de dezembro.
Confira:
Foi lá pelos anos 1960. Lenir Carniel Miot tinha seis anos e conhecia o mundo pelos olhos de quem crescia no interior de Antônio Prado. Eram tempos difíceis, de saudades da mãe, que havia morrido um ano antes. A ausência materna deixara Lenir e outros cinco irmãos sob os cuidados do pai agricultor. Lenir era quase a filha do meio, com dois irmãos maiores e três irmãs mais novas do que ela. Não havia muito tempo para chorar, a vida forçava Lenir a amadurecer antes do tempo. Os pequenos ficavam sob seus cuidados em casa, enquanto os mais velhos iam trabalhar na roça. Papai Noel e seus presentes eram sonhos distantes, mas um gesto tornaria aquele Natal inesquecível para a menina e seus irmãos.
Ouça o áudio da carta:
Alguns dias após a data, Lenir foi até a casa de um vizinho e soube que os filhos dele, seus amigos de infância, haviam ganhado presentes. Sem entender o porquê do esquecimento do Papai Noel em passar na sua casa e muito triste por ela e os irmãos não terem ganho nada, Lenir voltou cabisbaixa.
Mesmo sendo dia, colocou as irmãs menores para dormir, arrumou um prato de milho para o Bom Velhinho, fez um pedido e foi deitar também. Um tempo depois acordou com a esperança de encontrar presentes no lugar do milho, o que, obviamente não aconteceu. À noite, quando o seu pai retornou para casa, as crianças, muito tristes, relataram o esquecimento do Papai Noel.
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Seu Adelino, calejado pelo trabalho pesado na roça e pela perda da esposa, não se conteve mais uma vez. Ficou muito triste e deixou as lágrimas escaparem. Sentia-se impotente, pois não tinha condições de dar presentes aos filhos, que já haviam perdido a mãe tão pequenos.
No dia seguinte, seu Adelino contou para o vizinho o que havia acontecido no dia anterior. O vizinho, então, por ter melhores condições financeiras, foi a uma loja na cidade e comprou presentes para as seis crianças.
As crianças, ao receberem os presentes, ficaram tão alegres por finalmente comemorar o Natal atrasado, e com algo que jamais teriam ganho do pobre pai. Foi um momento mágico e marcante demais para esquecer. O gesto daquele vizinho tornou a data de Lenir e dos irmãos um pouco mais alegre e acalenta até hoje o coração de Lenir que, aos 67 anos, ainda se emociona ao relembrar.
Lisiane Pandolfi, professora.
*Crônicas de Natal é um projeto assinado por Adriano Duarte, Andressa Paulino, Juliana Rech, Luan Zuchi e Manuela Balzan.
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