No Pioneiro desta quarta-feira, Crônicas de Natal conta a história de superação e inspiração de Diego e Sheila Marangon.
Confira:
Era madrugada do dia 29 de outubro de 2018. Não sabíamos ao certo o que estava acontecendo, pois tudo estava indo bem. Estávamos no sexto mês de gestação (25 semanas) do grande amor de nossas vidas, nosso primeiro filho, tão sonhado e planejado. Resolvemos ir ao hospital para uma segunda opinião médica e, ao examinar, nos informaram que estava em trabalho de parto. Algumas horas depois, tentando reverter o processo, fomos avisados de que nosso filho nasceria em uma cesárea de emergência. Um misto de desespero, angústia e medo do que viria nos envolveu, pois nestes casos as chances de sobrevivência são remotas.
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David, nome bíblico que simboliza o grande guerreiro que ele precisou ser, ao nascer foi levado às pressas pela equipe médica e não tínhamos condições de vê-lo. Logo após, foi entubado e encaminhado à UTI Neonatal. Ele pesava 750 gramas e tinha 36 centímetros. As 72 horas iniciais seriam decisivas e foram de muito choro, estado de choque e lamentação. Sair do hospital sem o filho nos braços, abraçada na guirlanda da porta de maternidade foi doloroso. Alguns dias se passaram, o David estava lutando pela sua vida e muitas vezes era ele quem nos dava forças. O diagnóstico para o ocorrido foi de insuficiência placentária (houve negligência ao tratamento, mas isso é outra história). Foram diversas intercorrências no processo, como hemorragia pulmonar, apneias da prematuridade, infecções, enfim, é difícil descrever e lembrar desses detalhes porque ainda causam certo sofrimento.
Ouça o áudio da carta:
Os dias foram passando, ele se mostrando forte e guerreiro, lutava pela vida, queria ficar conosco. A rotina era tirar leite três vezes ao dia para alimentá-lo por sonda, visitá-lo, rezar e esperar. Nesta espera agoniante, conhecemos muitas pessoas e famílias que ali passavam pela mesma situação, o que nos ajudava muito a dividir o fardo e nos davam esperança, novos amigos que a vida nos trouxe. Passamos a crer em milagres e em meio a nossas preces, pedíamos a Jesus e à Nossa Senhora do Caravaggio que nos devolvessem ele são e salvo. Imaginávamos levá-lo para casa no Natal e queríamos ele de presente, o que não foi possível. Ingenuidade de nossa parte, pois ainda seriam mais 47 longos dias pela frente, totalizando 105 dias de internação. A mamãe montou a árvore de Natal sem acender as luzes, orando e sonhando que no próximo ano montaríamos juntos.
O dia da alta foi um dia muito feliz, as lágrimas transbordavam em pura gratidão e amor. Nosso filho é um anjo vencedor, nós vencemos a batalha. Foi emocionante este ano ver a alegria dele olhando as luzes piscando na árvore, queremos ensiná-lo o verdadeiro significado do Natal. Hoje, o David é uma criança saudável, com mais de oito quilos e 71 centímetros de altura, dono de um sorriso encantador. Evoluímos muito, aprendemos a ter fé, esperança, coragem, a sermos gratos. Aprendemos também a valorizar as pessoas que estavam ao nosso lado o tempo todo, familiares e amigos, nos dando forças e orando para que tudo ficasse bem. Um agradecimento especial à equipe do hospital que nos acolheu e cuidou do nosso filho.
Que nossa história não seja apenas de superação, que possa servir de apoio e inspiração a outras pessoas, queremos compartilhar o aprendizado de alguma forma e nos colocamos à disposição. Que esta corrente do bem seja sentida e prevaleça não somente no Natal, mas em todos os dias ao longo dos anos. Que o menino Jesus abençoe a todos. Um feliz Natal. Beijos babados do David!
Diego Marangon, engenheiro, e Sheila Caravágio Andreola Marangon, profissional de marketing e cerimonialista.
*Crônicas de Natal é um projeto assinado por Adriano Duarte, Andressa Paulino, Juliana Rech, Luan Zuchi e Manuela Balzan.