No telão do palco montado nos pavilhões da Festa da Uva, a imagem de um Amado Batista em versão um pouco mais magra e exibindo um cabelo ao estilo mullet (denunciando que o vídeo era, provavelmente, dos anos 1980) emoldurava a imagem atual do cantor e compositor goiano. Atualmente com 68 anos, Amado surgiu empunhando seu violão elétrico e exibindo visual moderninho e um cabelo bem menos ousado. A imagem pode até ter mudado um pouco nesses 43 anos de carreira, mas a característica que o consagrou lá no início ainda permanece intacta: o romantismo. No show que mostrou em Caxias, na noite de sábado, Amado Batista provou que ainda é um defensor do amor à moda antiga.
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— Ainda sou do tempo de sair com meu violão e fazer serenata. Quem gosta de serenata aí? Hora dessas posso estar na sua janela — galanteou o cantor, antes de entoar a canção Serenata.
A característica, claro, é também muito valorizada pelos fãs.
— Conheci meu marido com as músicas dele de fundo, o que mais gosto é mesmo o romantismo — elegeu Nora Krewer, 55 anos, fã caxiense que cantarolou todas as músicas de Amado, balançando a cabeça envolta numa faixa com o nome do músico.
A música preferida de Nora, e uma das mais ovacionadas durante o show, Secretária foi entoada logo no bloco de abertura. O clássico de 2001 conta com um refrão um tanto controverso para dias de hoje: "Secretária, que trabalha o dia inteiro comigo/Estou correndo um grande perigo/de ir parar no tribunal/Secretária, às vezes penso em falar contigo/mas tenho medo de ser confundido/por um assédio sexual". A licença poética aqui revela outra veia importante no trabalho de Amado, aquele pezinho na música brega. Outras canções famosas, e carros-chefes no setlist do cantor, também carregam boas doses desse ingrediente. Caso dos clássicos No Hospital (que narra o desespero de um homem vendo sua esposa morrer) e Princesa (desabafo de um apaixonado por uma moça "com olhar meigo de menina").
Entre as fãs mais animadas d plateia caxiense, a moradora de Bento Gonçalves Cintia Cristina Picolli, 42, também curte a mistura de romantismo e breguice que amparou a trajetória de Amado até aqui. A música preferida dela é Sentado na Praça, cuja letra revela a angústia de um homem que tem saudade de seu namoro comportado na praça ("Você trocou a nossa praça tão bonita/Pelo conforto dos motéis lá da cidade").
— Tudo é legal nele, mas eu também gosto de como ele é simples, de como trata bem as pessoas — elogiou ela, que vestia camiseta do ídolo.
Sem muitos momentos de interação com o público, Amado Batista mostrou apresentação madura, discreta e concisa, habilidades de quem tem quatro décadas de assiduidade nos palcos da vida.
Veja a galeria de fotos do show:
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