Um gargalo histórico no trânsito de Caxias do Sul está próximo de ser resolvido — ao menos parcialmente. Nas próximas semanas, deve começar a construção de uma faixa a mais no único trecho da BR-116 ainda não duplicado no perímetro urbano.
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A pista extra ficará entre a entrada do bairro Planalto e a comunidade de São Romédio, aproximadamente, no sentido Caxias-Vila Cristina. A obra tem previsão de 150 dias para conclusão e é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com custo estimado de R$ 4 milhões.
De acordo com o superintendente do Dnit no Estado, Hiratan Pinheiro da Silva, a duplicação total no trecho não é possível no curto prazo, já que uma tubulação de gás natural passa ao lado da pista no sentido Vila Cristina-Caxias.
— Politicamente, avaliou-se de que não dava para esperar ter todas as condições perfeitas de fazer essa obra. Então, iniciaremos a primeira etapa da duplicação, que já vai melhorar a fluidez ali — explica Silva.
Segundo levantamento do Dnit, cerca de 40 mil veículos passam pela BR-116 em Caxias todos os dias.
Na última semana, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, anunciou em vídeo que viria a Caxias na próxima segunda-feira (12) para assinar a ordem de serviço da obra, por intermédio do deputado federal Mauro Pereira (MDB). Até esta quinta-feira (8), porém, a assessoria do Ministério não confirmava a agenda do ministro para a próxima semana.
De acordo com o inspetor-chefe da 5ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marco Aurélio Baierle, o trecho que receberá obras não é perigoso, se comparado com outros pontos da rodovia. Ele acredita, no entanto, que a nova faixa melhore substancialmente a fluidez do trânsito na área.
— A obra, como é para a ampliação da capacidade de rodovia, é justamente para dar um fluxo mais rápido. O Dnit fez esse levantamento e considerou que seria importante, já que é um gargalo. Tendo uma forma mais rápida de escoar o trânsito, com certeza vai facilitar a passagem — projeta.
Segundo o superintendente do Dnit, não há medida objetiva que aponte o tamanho da melhoria com a obra. Ele garante, porém, que a mudança será perceptível aos motoristas.
— Hoje, a capacidade da pista está baixa, mas não sei o nível de trabalho. (Com a obra) não vai ser uma Freeway, mas terá uma faixa para veículos mais lentos que permitirá aos mais rápidos seguirem em frente com facilidade — antecipa Silva.
PASSO A PASSO
:: A partir do início, as obras têm prazo de 150 dias para serem concluídas. O empreendimento, realizado pelo Dnit, tem custo estimado de R$ 4 milhões.
:: A ideia é ampliar a rodovia no sentido Caxias-Vila Cristina, possibilitando que uma faixa a mais seja usada para seguir à região das Hortênsias.
:: Como ocorre no restante da rodovia, uma pista seria reservada a veículos mais lentos, permitindo que o restante do tráfego possa fluir mais rapidamente.
:: Nada será feito do lado oposto, sentido Vila Cristina-Caxias porque uma tubulação de gás passa pelo acostamento da rodovia. Segundo o superintendente do Dnit, a remoção da estrutura é muito custosa e não há planos para realizá-la no curto prazo.
:: A Sulgás, responsável pela tubulação, informa por meio de sua assessoria de imprensa que “está em contato com os engenheiros do Dnit para a solução da questão”. A empresa sugere a colocação de proteções mecânicas junto ao gasoduto como possível solução para o problema.
:: Durante o alargamento da rodovia, trechos que necessitarem de recapeamento serão reparados.
:: Após, será colocada pintura horizontal e sinalização vertical nova do trecho.
:: O Dnit vai monitorar a via após a conclusão das obras para avaliar o impacto da melhoria e definir se novas alterações são necessárias.
:: De acordo com a PRF, não estão previstas interrupções de trânsito durante as obras. No entanto, transtornos podem ocorrer, já que trabalhadores e máquinas circularão pelos lados da BR-116.
:: Durante o período dos trabalhos, o limite máximo de velocidade permitido no trecho será de 40 quilômetros por hora.
:: O Dnit estima que 40 mil veículos passem pela rodovia diariamente. Pelas contas da PRF, o movimento sobe para 50 mil carros/dia.
Projeto divide opiniões
Apesar de a duplicação ser uma demanda antiga da comunidade, como em toda intervenção no espaço público, o projeto divide opiniões. Alguns empreendedores com estabelecimentos comerciais às margens do trecho temem a perda de espaços para estacionamento com a ampliação da via.
— Acho que é um desperdício de dinheiro, um oportunismo por conta da eleição — diz Luana Chen, 26, dona de restaurante próximo à parte sul do trecho.
De acordo com ela, os moradores e empresários da redondeza têm demandas muito mais urgentes não ouvidas, como a poda de árvores e a colocação de paradas de ônibus mais próximas dos estabelecimentos.
— Estamos há anos pedindo que podem algumas árvores, é escuro e perigoso para os pedestres — reclama.
De acordo com Luana, mesmo com pista simples, o trânsito no local não costuma afunilar, exceto em alguns feriados.
Já Adalmir Morais, 50, que mantém um empreendimento na outra extremidade do trecho, próximo à Marcopolo, reconhece que há problemas no local.
— Quando o pessoal deixa a parte duplicada, afunila muito, de manhã cedo, ao meio-dia e no fim da tarde – relata.
Proprietário de uma loja de acessórios automotivos há 13 anos, ele comemora a atenção dada a esse trecho da rodovia, que considerava abandonado.
— É o único trecho (da BR) que falta. Já gastamos muito para arrumar o concreto do lado da pista, que ninguém se interessou antes. (A obra) vai causar um pouco de transtorno para o comércio, mas depois vai ser bom para todo mundo — acredita Morais.