Os incidentes do Carnaval foram o estopim para uma nova mobilização contra as confusões na Estação Férrea, no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul. Moradores preparam um abaixo-assinado para acionar novamente o Ministério Público (MP) sobre o problema — movimento semelhante já havia sido adotado anos atrás. Em outra frente, empresários preparam uma proposta de valorização do Largo, que incluiria a proibição do estacionamento nas noites de festa.
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Já a associação dos moradores do bairro São Pelegrino está em contato com as autoridades competentes para traçar ações de segurança. O primeiro encontro do presidente Vanderson Alex dos Santos Lopes foi com a Brigada Militar (BM), na tarde de quinta-feira. A intenção é repetir a reunião com a prefeitura e a Guarda Municipal nas próximas semanas.
— O que incomoda é o entorno da Estação Férrea: a bebedeira, as brigas e a poluição sonora. Precisamos saber o que o Poder Público pensa para podermos dar uma resposta aos moradores — aponta Vanderson.
Por outro lado, os moradores que estão organizando um abaixo-assinado não suportam mais o som alto que não permitem a vizinhança dormir. O grupo relata que os setores públicos estão acostumados a receber as reclamações e não buscam uma solução. O movimento é liderado pela professora Kelly Reis e, até ontem à tarde, contava com 630 assinaturas digitais.
— O morador que procura a associação (de moradores) ou a prefeitura, não consegue ajuda. A polícia diz que não consegue (o flagrante) porque quando chegam os carros diminuem o som. A recomendação foi buscar o MP, por isso estou buscando a colaboração dos vizinhos — relata a professora.
Os moradores apontam que, após a violência registrada no Carnaval, houve uma mobilização da BM e a situação melhorou. Kelly, no entanto, ressalta que o trabalho policial precisa ser constante. O receio dela e de vizinhos é que esta seja apenas uma operação de resposta, que durará alguns meses e será esquecida — como já ocorreu em outros anos.
Projeto para valorizar o Largo
Empresários propõe a ampliação do Largo da Estação Férrea. A intenção é proibir o estacionamento nas ruas Coronel Flores e Augusto Pestana no período da noite, o que inibiria o excesso do som automotivo e estimularia os jovens a curtir as festas de forma ordeira.
— O primeiro ponto de confusão são os carros de som, pois há esta galera que abre o porta-malas, aumenta o som e não respeita ninguém. É envolta destes carros que se reúnem as pessoas e começa a bagunça — lamenta o empresário Gustavo Gazzola.
O projeto é inspirado em movimentos de outras cidade, como o Viva Cidade Baixa, de Porto Alegre. Na Capital, ao invés de reprimir locais boêmios, se busca criar uma marca e valorizar a convivência entre frequentadores, comércio e moradores.
— Nosso viés é cuidar da Estação Férrea e transformar num largo, valorizando as pessoas a pé. Por noite, devem circular mais de quatro mil jovens. Precisamos encontrar soluções para somar à presença policial — complementa Gazzola.
Uma reunião entre os empresários do entorno da Estação Férrea está prevista para a semana que vem. Na sequência, o movimento deverá procurar as secretarias de Urbanismo e de Trânsito, Transportes e Mobilidade em busca de apoio e da legalização da proposta.