A influência de facções envolvidas com o tráfico de drogas e o aumento dos casos de assassinatos acenderam o alerta em Garibaldi. Em resposta, as polícias pretendem se fazer mais presentes nos bairros e fortalecer os laços com as comunidades.
Para a Polícia Civil, o aumento das execuções na cidade, que triplicaram em 2017 na comparação com o ano anterior, seria resultado das disputas entre criminosos pelo domínio da venda de drogas. Um sinal são as pichações que fazem referência às facções da Região Metropolitana em alguns bairros da cidade. As frases de apologia ao crime foram apagadas durante uma operação policial no final de janeiro, mas bandidos voltaram a pichar os muros.
Se em 2017, os assassinatos extrapolaram a média, neste ano a violência voltou a chamar atenção na primeira quinzena de fevereiro, com duas mortes consumadas e uma tentativa. Os três crimes, de acordo com a Polícia Civil, estariam neste contexto de guerra do tráfico.
— O pano de fundo são os pontos de droga. Infelizmente, está surgindo um clima diferente na cidade. Já ouvimos rumores que tal bairro está perigoso de entrar, uma realidade que só era vista em cidades maiores — aponta o delegado Leônidas Costa Reis, que responde pela Polícia Civil na vizinha Carlos Barbosa e que atende interinamente na Delegacia de Garibaldi durante as férias do titular.
Para a presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Garibaldi, Alexandra Nicolini Brufatto, o avanço da criminalidade em cidades de menor porte é um movimento natural, mas que preocupa e já há uma movimentação para as forças do município se unirem e combaterem o crime. A empresária concorda que, com os relatos crescentes, os moradores evitam certas localidades.
—Está começando a despontar (comentários sobre locais perigosos), mas em geral a população anda tranquila (pelas ruas). Talvez seja um foco principal que surge nestes comentários — opina Alexandra.
A mudança no sentimento da cidade também é admitido pelo secretário municipal de Segurança e Mobilidade, Carlo Mosna.
— Garibaldi mudou com o passar dos anos e a criminalidade está maior. É algo ouvido em alguns bairros, que inclusive foram alvos de ação da polícia, e que vemos nesses homicídios. Tudo remete a esse domínio da venda de drogas, possivelmente por facções — lamenta Mosna.
População pode ajudar
O que chama atenção do delegado Reis é que esses criminosos não estão se aproveitando de uma possível ausência do poder público, como costuma ocorrer. O tráfico de drogas está ganhando força em bairros em que há estrutura, como escolas, praças e postos de saúde.
— Está acontecendo em bairros que não são desassistidos, o que nos leva ao avanço das facções. Por isso, é preciso que se faça presente a força policial. É o policiamento do dia a dia que mantém a criminalidade longe. Só que para isso precisa de gente (efetivo) — aponta.
Conforme o visto em outras cidades, o avanço do tráfico força a lei do silêncio nas comunidades. Por isso, segundo as autoridades, a forma de prevenir este domínio criminoso é justamente estreitar os laços com os moradores.
— É preciso ter vínculos com moradores dos bairros e achar o modo mais adequado (de receber denúncias anônimas). A polícia não pode estar presente todo o tempo e precisa dessas informações para dar início a investigações e prisões — aponta o delegado interino.
Por outro lado, o representante da Polícia Civil cita o exemplo das metrópoles: quando um líder é preso, a guerra pelo poder gera ainda mais mortes. Para o delegado, esse tipo de situação está chegando nas cidades pequenas e assustando os moradores.
— Saber que há uma guerra e pessoas estão morrendo na esquina da sua casa. A violência exacerbada vai fatalmente atingir quem não tem relação com os fatos criminosos. O Poder Público não pode deixar domínios paralelos se estabelecerem — destaca Reis, ressaltando que o combate é mais fácil agora do que quando a população já estiver acuada.
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