Uma rebelião na noite do último sábado no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do bairro Reolon, em Caxias do Sul, deixou pelo menos seis adolescentes feridos, um com gravidade. A confusão teve início por volta das 21h, e o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar foi acionado. A rebelião teria sido causada por uma desavença entre dois internos.
O tumulto começou quando um grupo de internos arrancou as chaves de um sócioeducador para entrar em outro setor do Case. No caminho, eles agrediram dois funcionários a socos e chutes. Um adolescente foi retirado do dormitório onde estava e levado até a quadra de esportes pelos agressores.
Leia mais:
Em setembro de 2016, outra rebelião foi registrada no Case
Inquérito será aberto para investigar rebelião no Case
Seis jovens são denunciados por tentativas de homicídio em rebelião
Ele levou diversos golpes, inclusive de barra de ferro, e ficou desacordado no corredor da instituição. Com traumatismo craniano, precisou ser internado no Hospital Pompéia. O estado de saúde dele é considerado grave.
"Estes (suspeitos) batiam com violência em áreas nobres, como cabeça e rosto. (Vítima) na primeira pancada com a barra de ferro em sua cabeça desmaiou e mesmo assim continuou sendo agredido pelos internos. Eles acharam que (a vítima) estava morto e o jogaram no corredor, como se fosse um objeto qualquer", assinalou a ocorrência policial.
As outras vítimas tiveram lesões leves e não correm risco de vida. Conforme a Polícia Civil, a rebelião teria começou por desavenças ocorridas na visita de familiares, na tarde do último sábado.
– Existe uma suspeita, que precisa ser melhor trabalhada, de que a vítima teria praticado algum ato que os demais interpretaram como atitude desrespeitosa – relata o delegado plantonista Caio Márcio Fernandes.
A confusão só terminou depois das 22h30min, quando a BM utilizou bombas de efeito moral e tiros com balas de borracha dentro do Case. Cinco jovens, todos maiores de idade, foram autuados em flagrante e encaminhados ao presídio do Apanhador. Eles responderão por tentativa de homicídio qualificado, corrupção de menores e dano qualificado, porque quebraram diversos objetos, como televisões e camas, e danificaram a estrutura do edifício.
Em frente ao Case, uma mulher de 42 anos acabou ferida, sem gravidade, por um disparo com bala de borracha.
– Mandamos fazer perícia porque eles danificaram diversas partes do prédio. Nesta segunda-feira vamos conversar com os educadores e ler o relatório para dar início às investigações – afirma o delegado Paulo Roberto Rosa da Silva.
Em nota, a instituição disse que " três jovens que eram mantidos reféns foram agredidos por oito internos e acabaram, ao final do incidente, sendo conduzidos ao hospital do município para atendimento médico. O presidente da Fase ordenou imediata abertura de processo administrativo para apurar as circunstâncias do fato".
Em setembro de 2016, outra rebelião, no mesmo local, fez com que seis jovens fossem denunciados pelo Ministério Público por tentativa de homicídio. Conforme o MP, o grupo atacou dois internos com fios de luz e tentou enforcar um deles. Os denunciados eram maiores de idade e foram presos em flagrante na ocasião.
Com capacidade para abrigar 40 jovens infratores, o Case do Reolon tem hoje 78 internos, quase o dobro da capacidade.