Pioneiros nas pré-romarias, os motociclistas encerram neste final de semana as procissões ao Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha. A 38ª Romaria ocorre neste sábado, com concentração no Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul, no Km 68 da na ERS-122, a partir das 14h. O Grupo Rodoviário pede atenção no trânsito, já que os romeiros irão ocupar meia pista da rodovia, durante todo o percurso.
O evento deste ano terá duas mudanças significativas: a volta da caminhonete com a imagem da santa, que conduzirá os romeiros e, diferentemente das edições anteriores, não será mais no domingo . De acordo com o padre Roque Grazziotin, coordenador do Centro de Formação Pastoral de Caxias do Sul e idealizador da romaria, a alteração não deve comprometer a procissão.
– Desde 2011, os motociclistas se organizavam de forma independente: os grupos partiam de pontos distintos e se encontravam no Santuário. Agora, abraçamos a organização da romaria, por isso criamos um novo formato. Desde a 33ª edição, em 2011, a procissão não tinha mais um ponto de concentração, porque o grupo cresceu bastante. Para se ter uma ideia, lá na primeira edição, em 1978, eram 48 motociclistas. Com o passar dos anos a romaria evoluiu e, em 2015, já foram 18 mil participantes – explica.
A quantidade de participantes para este final de semana deve chegar a 15 mil. A mudança de domingo para sábado, porém, impossibilitou a participação de alguns motociclistas.
– Infelizmente, por questões de trabalho, fica inviável comparecer no sábado. Mas isso não é problema, o que nos move é a fé, por isso vamos ir no domingo, como sempre foi – afirma o guarda municipal Jairo Jacobsen, 47 anos, que desde 2001 participa das procissões.
Já o empresário Leonardo Vargas, 39, e o grupo de cerca de 30 motociclistas irão no sábado.
– Há mais de 10 anos eu participo e o que importa mesmo é a fé e o momento de oração. Conseguimos nos adequar ao horário e vamos no sábado. Estamos felizes por ter a mãe Caravaggio guiando nosso caminho até o Santuário – conta.
Unidos pela fé
Pedir proteção no trânsito. Este é o principal motivo da união de tantas motocicletas no Santuário de Caravaggio. Ao lado dos pedestres e dos ciclistas, os motociclistas são a parte mais frágil do trânsito. Conforme a Secretaria Municipal de Trânsito Transportes e Mobilidade, somente em 2015, 975 acidentes envolvendo motos foram registrados em Caxias do Sul. Segundo a Brigada Militar, deste número, ao menos 705 tiveram lesões.
– Quando criamos o primeiro grupo de romeiros motociclistas, a ideia era, além de pedir proteção, terminar com o preconceito. Em 1978, tínhamos muitos acidentes também e o preconceito era bem maior que hoje. Motociclista era considerado criminoso. É claro que tem uma minoria que justifica essa característica, mas não se pode generalizar. A gente pedia para Nossa Senhora do Caravaggio nos ajudar na conscientização da sociedade – ressalta o padre Roque Grazziotin, que por três décadas foi de moto até o Santuário.
Após 38 anos de romaria, os pedidos continuam praticamente os mesmos.
– Quem tem moto sabe, o trânsito ainda não nos aceitou completamente. O que nos faz ir anualmente até o Santuário é a fé. A bênção de Caravaggio nos torna fortes para encarar o restante do ano – afirma Jairo Jacobsen, que desde 2001 participa das procissões.
O técnico de manutenção James Santos, 42 anos, afirma ter uma única diferença entre as romarias iniciais para as atuais.
– Há 20 anos, quando eu comecei a participar, se tinha um único foco no trajeto: pedir proteção. Mas, nos últimos anos percebi uma descaracterização da romaria. Parece que agora virou mais festa do que um momento de oração. Não falo só da romaria dos motociclistas, mas também de quem vai a pé, que ao contrário de se concentrar e rezar, faz do trajeto um passatempo. Eu costumo até ir sozinho, para fazer a minha oração e cumprir com o objetivo da romaria – confessa.