Garantir um procedimento mais preciso, seguro, menos invasivo e passível de falhas, bem com uma recuperação mais rápida aos pacientes estão entre as vantagens do uso do robô Mazor em cirurgias da coluna vertebral. A tecnologia foi usada de forma inédita na Serra, nesta semana, no Hospital São Carlos (HBSC), de Farroupilha. Ao todo, foram quatro procedimentos; todos eles via Sistema Único de Saúde.
A operação mais recente foi realizada na manhã desta quinta-feira (12), sob o comando do neurocirurgião Asdrubal Falavigna e do ortopedista Orlando Righesso Neto, que estão à frente da iniciativa de trazer o equipamento para a Serra. O paciente, um homem de 46 anos, de Veranópolis, enfrentava um problema de desgaste da coluna lombar, associado à hérnia de disco.
Ao contrário do que se possa pensar, o robô não realiza o procedimento sozinho. A tecnologia funciona como auxiliar da equipe médica. A partir de exames de imagens, como tomografias e raios X, o equipamento identifica o local exato da coluna do paciente que deverá receber os pinos, por exemplo. A abertura e a inserção do material no corpo do paciente são feitos pelo cirurgião. Todo o trabalho pode ser acompanhado por uma tela.
— A precisão (na inserção dos materiais na coluna do paciente) evita complicações, aumento do tempo cirúrgico, aumento do tempo em que ficamos afastando as estruturas, que são os músculos. E, assim, o paciente se recupera sem dor, se recupera caminhando — sinaliza Asdrubal.
Outro benefício citado pelo ortopedista Orlando Righesso Neto é a diminuição da exposição à radiação de todos que estão no ambiente cirúrgico. Ele explica que, em procedimentos tradicionais, os médicos fazem uma série de exames de imagem para checagem do local exato da aplicação dos pinos (ou outros materiais) durante a cirurgia. Com o aparelho, não há esta necessidade, porque o acompanhamento é feito por um monitor.
Segundo os médicos, o robô pode ser utilizado em cirurgias de pacientes com diagnóstico de escoliose, doenças degenerativas e tumores.
Futuro
Após os primeiros procedimentos no São Carlos, os médicos levarão a novidade para congressos da área, compartilhando conhecimentos e experiências com outros profissionais. O robô poderá ser utilizado em mais operações no São Carlos e em outras instituições de saúde, a depender da indicação da equipe de cirurgiões responsável pelo aparelho.
A tecnologia*
Desenvolvida pela empresa Medtronic, a plataforma foi usada no Brasil pela primeira vez em uma cirurgia de coluna realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, em abril deste ano.
Em junho, também foi utilizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (HCFMRP-USP). No Rio Grande do Sul, o robô foi usado pela primeira vez em julho, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.
Nos Estados Unidos, contudo, o equipamento faz parte dos procedimentos há mais de cinco anos.
*Colaborou Jhully Costa.