Desde o dia 7 de setembro, quando o Parque da Festa da Uva foi liberado para a montagem do Acampamento Farroupilha, os acordes de gaita e a fumaça e o aroma do churrasco se impõem aos sentidos de quem frequenta o espaço, no mês dedicado a celebrar o tradicionalismo.
Se não bastasse Caxias do Sul ser a cidade com o maior número de CTGs do Brasil, os pavilhões ainda reservam espaço para diversos grupos de amigos que se mobilizam em prol de preservar, e também de desfrutar a cultura gaúcha.
Há cerca de 15 anos, os "Xucros de Berço" estão entre esses grupos que reservam o mês de setembro para confraternizar ao redor do fogo de chão ou do fogão a lenha. Formado por sete casais caxienses, moradores de bairros como Universitário, Fátima, Vila Verde, Jardim América e Universitário, o grupo se organiza ao longo do ano para poder estar junto o máximo de tempo possível em setembro.
- A cada dia nós temos aqui de 40 a 50 pessoas para almoçar e jantar, celebrando a tradição gaúcha. O custo básico a gente consegue custear com uma mensalidade de R$ 100 paga por cada casal ao longo do ano, mas isso não cobre tudo. Os amigos que vêm de fora também dão a sua contribuição, com valores entre R$ 30 e R$ 40 por dia. Ao final não sobra dinheiro, mas tudo está pago - conta Edinei Garcia, 48, um dos criadores do grupo.
No "Rancho do Marco Véio", apelido de Marcos André Borges, 45, a união se dá principalmente através da música. O gaiteiro amador gosta de receber os amigos que chegam com o violão para embalar confraternizações que não têm hora para terminar.
- Desde 2012 a gente vem pra cá todo ano. Sou de família de músicos, sempre tive esse costume de receber os amigos para tocar e se divertir. A maioria do pessoal trabalha, mas depois das 17h a gente começa os trabalhos por aqui, alguém vai pra cozinha ou pra churrasqueira, e à noite começa a cantoria - comenta Marcos.
É claro que também há espaço para a confraternização em família, sendo também uma oportunidade para passar os costumes tradicionalistas de uma geração para outra. É o caso de Diego Bisotto, 38, que aproveita o acampamento com o pai, Francisco Machado, 72, e com o filho, Theo, de um ano e quatro meses. A família é de Ipê, e acampa junto com os amigos do CTG Tronco do Guamirim.
_ Eu lembro de acampar aqui nos Pavilhões desde que eu tinha 14, 15 anos. Muita gente já passou ao longo dos anos, e vai se renovando. A Semana Farroupilha é o momento em que se mostra pra alguém o que é o tradicionalismo _ diz Diego.
No mesmo espírito de perpetuar as tradições gauchescas, a "Galera do Rodeio", formada principalmente por amigos que moram no bairro Pedancino, tem na Semana Farroupilha um momento de reunir as famílias e confraternizar:
- A gente tem o costume de acampar em rodeios, como o de Flores da Cunha, mas quem vai são principalmente os homens, até porque são eventos mais curtos. Aqui nos Pavilhões a gente tem mais espaço e mais tempo para vir com toda a família, preparar a comida com mais calma. Todo dia tem janta e almoço rateado entre todos, e bebida cada um traz a sua. Quem por acaso beber um pouco a mais já fica pra dormir por aqui mesmo - conta Luciano Pinzon, 58.