Com o encerramento da Semana da Pátria, chega a hora de festejar o Dia do Gaúcho. E nesta terça-feira (10) já tem carreteiro no acampamento montado pelo empresário Bruno Mesquita, que está instalado desde o último sábado com barracas, fogão campeiro e geladeira próximo à cancha de rodeio dos pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul. Galinhada, porco no rolete, costelão de ovelha e até sopa de agnoline estão programados no cardápio dos próximos dias.
— A sopa sai na segunda-feira, que é pra recuperar — brinca Mesquita.
A Semana Farroupilha, que para alguns são duas, já começou em Caxias e é também uma forma de celebrar a gastronomia do gaúcho. Para Mesquita, que já dorme em um dos 220 acampamentos alugados pela organização, é também uma forma de reunir família e amigos:
— É para sentar, comer e tomar chimarrão. Já faz um seis anos consecutivos que acampo e tem que se preparar uns três meses antes. Só quem vem sabe o que é ficar 15 dias por aqui recebendo a família e os amigos — diz.
A programação artística se inicia nesta sexta-feira (13), com entrada gratuita nos pavilhões da Festa da Uva, e show de Davi Lima e Grupo Marca & Raiz. A competições campeiras têm início na próxima semana. De 19 a 22 de setembro ocorre o 30º Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul e a primeira edição do Rodeio Internacional - Gineteada.
Acampar dias antes do começo da programação também é uma tradição para o gesseiro Diego dos Santos e os amigos do Piquete Rancho Recuerdos. Nascido em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, reuniu conterrâneos moradores de Caxias para recordar, nos Pavilhões, os tempos de guri na cidade natal.
— Já organizo minha agenda que é pra ficar livre nestes dias. Vim para Caxias para trabalhar, e estar aqui acampado é uma forma de matar a saudade de Livramento. Isso é pura tradição — diz.
Mas, além de tempo, é preciso investir dinheiro. Na estrutura de madeira e metal foram R$ 4 mil. Soma-se o metro de lenha, que levou R$ 250 e mais o aluguel do espaço (R$ 600). Por isso, é preciso ter um parceiro para dividir os gastos:
— Acampados estamos em três, eu, um amigo e meu filho. Hoje já me mandaram mensagem que vêm nuns 10 pra jantar e não ganhamos nada em cima, só se reparte o que foi gasto.
Música alta só até 22h
São quase cem acampamentos particulares próximos à cancha, e outros cem instalados embaixo dos Pavilhões, espaço reservado para empresas e CTG’s. Uma espécie de pequena cidade que também tem suas regras. Som alto só até 22h e música só tradicionalista.
Para quem acampa, recolher o respectivo lixo e descartá-lo nos contêineres distribuídos pela Codeca é regra básica. Lonas pretas para cobrir as tendas devem ser evitadas, cavalos não podem ser amarrados em árvores e bandeiras de campanha política estão vedadas.
Quem organiza, desde 2005, é Enor da Silva Ramos, que faz questão de lembrar de quem o ensinou a gerir o acampamento: o ex-coordenador da 25ª Região Tradicionalista Jó Arse, falecido em junho.
— Vai ser o primeiro sem ele, aprendi tudo com o Jó Arse. Propaganda política na Semana Farroupilha, não. Temos um regulamento, a lona preta, por exemplo esteticamente fica feia e quando venta é a primeira a voar e fazer bagunça. Tem que ter jogo de cintura, não pode deixar o cara passar dos limites, mas não pode ser tão radical, é uma festa — acrescenta.
A programação completa conta com 10 dias de atividades culturais, entre provas campeiras, declamações, atrações musicais e o desfile tradicionalista na Rua Sinimbu, no dia 20.
O evento tem como tema o centenário do pajador Jayme Caetano Braun, um dos fundadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e como patrono o músico Pedro Ortaça. A canção-tema das festividades será O Pajador – A História do Rio Grande, de autoria dos compositores Fernando Espíndola (letra) e Thomas Facco (música).
Nos dias 13, 16, 17 e 18, a entrada no parque é gratuita. Nos demais dias, o valor é R$ 15, sendo que integrantes do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) com carteirinha não pagam.