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Médias menores no Ensino Médio na Serra: o que explica a disparidade de resultados com o Fundamental no Ideb

Coordenadores de educação apontam ausência da família e ingresso no mercado de trabalho como fatores que influenciam dados. Apesar de notas mais baixas, maior parte das escolas de Ensino Médio da Serra ficou acima da média nacional 

Tamires Piccoli

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Porthus Junior / Agencia RBS
Uma das estratégias de escola destaque é manter os alunos motivados, fazer com que eles entendam o potencial da educação para a vida.

Queda gradativa nas médias com o avanço nas séries. Esse é mais um recorte das fragilidades da educação, exposta pelos dados divulgados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023. O comparativo das notas de escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio chama a atenção pela queda expressiva.

Na Serra, a escola com melhor nota nos anos iniciais do Ensino Fundamental conquistou 9,3. Na categoria anos finais, do Ensino Fundamental, a maior nota foi de 7,5. Já no Ensino Médio, a melhor nota da região foi 5,9.

A redução das notas é apontada pelos dirigentes das Coordenadorias Regionais de Educação como uma dificuldade que se repete há anos. Conforme Alexandre Misturini, da 16ª CRE, com sede em Bento Gonçalves, e Viviane Devalle, da 4ª CRE, em Caxias do Sul, médias mais baixas são reflexos de uma série de desafios e problemas característicos dos alunos do Ensino Médio.

Entre as situações destacadas estão o ingresso no mercado de trabalho, afastamento dos pais da vida escolar, a fase da adolescência e a imaturidade dos alunos.

— A transição para o Ensino Médio costuma ser bem complicada para os alunos. É uma fase marcada por mudanças na carga horária, na abordagem de ensino. Muitas vezes há falta de interesse, falta de motivação e de conexão entre o que é ensinado e a vida prática — explica Viviane.

A coordenadora indica ainda que, em muitos casos, os alunos não comparecem às aulas, sobretudo em dias de exames, como o aplicado pelo Ideb. Com menos estudantes fazendo o teste, os índices das escolas tendem a baixar.

A situação também é observada por Misturini. O coordenador que cita o caso da Escola São Luiz Gonzaga, de Veranópolis, que obteve a menor nota da região: 3,3. Ele diz que o resultado é reflexo da ausência dos alunos no dia do teste.

— Na semana em que a prova foi feita teve um período de chuvas intensas. Muitos alunos não foram para a aula e não fizeram o teste. O resultado foi este: uma nota muito baixa. Sabemos que isso não reflete a realidade de forma precisa, mas é um indicador — pondera.

Acima da média nacional

Escola Estadual de Ensino Médio São Pio X / Divulgação
Escola de Farroupilha se destacou na Serra com melhor nota do Ideb na categoria Ensino Médio.

Apesar da disparidade de médias, as escolas de Ensino Médio da Serra conseguiram ficar acima da média nacional, que é de 4,3 pontos. Os dados divulgados pelo Ideb apontam que 17 escolas da região ficaram abaixo da média nacional, enquanto 23 escolas obtiveram notas acima da média. Confira a lista das 10 melhores escolas abaixo.

Repetindo o protagonismo do Ensino Fundamental, é de Farroupilha a escola com melhor pontuação no Ensino Médio. Localizada no bairro Pio X, a Escola Estadual de Ensino Médio São Pio X conquistou a nota de 5,9. Para a diretora Ilda Coleraus Gengnagel, o marco é consequência da estratégia de valorização e engajamento no ensino.

— O principal fator, com certeza, é o engajamento dos professores, equipe diretiva, coordenadoria. Isso faz toda a diferença no ambiente escolar. Dentro das salas de aula, estimulamos os estudantes com a premiação dos destaques. Então, notamos que eles se esforçam porque querem receber esse mérito — explica.

Na avaliação da diretora, o maior desafio para aumentar as notas do Ideb no Ensino Médio é fazer com que os alunos aprendam a valorizar a educação e trazer os pais para o convívio do ambiente escolar.

— Tem muitos alunos que optam por estudar à noite e trabalhar ao longo do dia. Vimos diversos alunos, com grande potencial intelectual, desistirem de seguir estudando. Esse é o nosso desafio: manter os alunos motivados, fazer com que eles entendam o potencial da educação para a vida — finaliza.

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