Jaime e Loreni Ramos sempre foram apaixonados pela estrada. Casados há 44 anos e moradores de Nova Petrópolis, costumavam viajar aos finais de semana para Eugênio de Castro, na Região das Missões, cidade natal de Jaime. O ex-bancário e hoje aposentado de 68 anos sempre gostou de estabelecer horários determinados para o trajeto, mas, em certa oportunidade, em 2016, passando pelo município de Marques de Souza, no Vale do Taquari, resolveu parar para conhecer a cidade. O casal ficou encantado e resolveu que começava ali uma jornada de sete anos e 10 meses, tempo que levariam para conhecer todas as cidades do Rio Grande do Sul. Jaime e Loreni desbravaram os 497 municípios e a missão foi concluída no último dia 7, com a visita a Piratini, no Sul.
Eles contam que a ideia da viagem surgiu por acaso. Sempre de carro, buscavam aproveitar as belezas que o caminho proporcionava até Eugênio de Castro. Durante o trajeto, conheciam novos lugares e exploravam novos roteiros. Loreni, de 66 anos, sempre foi a grande motivadora do marido. Quando ouviu a ideia, concordou na hora.
— Eu comecei a me questionar: se eu sou aposentado e não tenho compromisso com o horário, por que não fazemos isso mais vezes? Então, um filho de um amigo decidiu largar o trabalho para conhecer a América do Sul de bicicleta. Portanto, se esse rapaz está fazendo isso, por que que a gente não faz algo semelhante? Então, resolvemos trabalhar a ideia de conhecer todas as cidades do Estado — conta Jaime.
O velho mapa de papel, onde Jaime traçava as rotas, e o álbum de fotos, hoje na estante da sala de casa, são as recordações da jornada do casal. Em todos as cidades visitadas, Jaime criou o hábito de fazer uma foto em frente à prefeitura. Oficialmente, o primeiro clique foi em Nova Petrópolis, cidade onde residem. Em alguns municípios, ficavam até duas horas, em outros, até dois dias.
— O que mais nos encantava eram as pequenas cidades, a maneira como aquelas comunidades recebem os visitantes, a hospitalidade e o acolhimento. Um dos lugares que mais me marcou foi São Borja. Lá visitamos os dois museus nas casas dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart. Ali senti o peso da história — recorda Jaime.
A realização de um objetivo
Segundo Jaime, a história que eles viveram vai muito além de apenas visitar as cidades gaúchas: trata-se de traçar objetivos na vida, ir atrás das ideias, criar projetos, sejam eles quais forem, e, claro, buscar alcançá-los:
— Tudo é possível, basta você querer, basta você se organizar para isso. Tem que ser persistente, e é essa persistência que nos deixa com um sentimento de dever cumprido, de traçar um objetivo e ter alcançado, e de que tudo é possível. Você tem que estabelecer uma meta e ir atrás.
Pais de Sandra e Gustavo, e avós de Isabela, de cinco anos, Jaime e Loreni sempre foram atuantes na comunidade de Nova Petrópolis. Hoje, desenvolvem um trabalho de recolhimento de móveis e utensílios para os atingidos pela enchente no Estado.
— A aposentadoria é muito boa, mas, se você se sentar no sofá e fizer dele o seu objetivo de vida, está lascado. Meu filho até brincou comigo dizendo que imaginava que o título dessa reportagem seria: "Casal de aposentados de Nova Petrópolis troca a ida para a farmácia pelos caminhos do Rio Grande do Sul" — conta Jaime, aos risos.
Movidos a novos objetivos e metas, o casal já tem planos para uma próxima aventura. A ideia ainda é prematura, mas Jaime e Loreni agora querem conhecer todas as capitais dos Estados do país.
O top 3 dos viajantes
Jaime e Loreni apontaram os municípios dos quais mais gostaram durante a jornada:
- Ametista do Sul, no Norte, pelo turismo e pelas belezas.
- Nova Candelária, no Noroeste, pelos lindos jardins e pelo cuidado da população com a cidade.
- Derrubadas, no Noroeste, pela natureza e pelo Salto do Yucumã, uma sequência de cachoeiras, considerada a mais extensa queda longitudinal do mundo, com 1,8 mil metros.