Caxias do Sul pode ganhar um campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a partir de 2025, de acordo com informação da colunista Rosane de Oliveira. O anúncio deve ser oficializado na segunda-feira (10) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do PAC Universidades. Na Serra, a pedido da reportagem, entidades avaliam se a chegada da instituição contempla a demanda antiga da região sobre uma universidade pública.
Das quatro lideranças ouvidas, três avaliam de forma positiva a instalação do campus. A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), formada por 37 cidades da região, se diz favorável à chegada da UFRGS. O prefeito de Guaporé, Valdir Carlos Fabris, atual presidente do grupo, lembra que a entidade apoia a demanda de uma universidade pública na Serra desde 2021.
— Achamos importante essa instalação. A Amesne é favorável. Foi pedida uma universidade federal para a região. (Com a UFRGS), quem sabe seja o início dessa universidade pública para a Serra — declara Fabris.
Da mesma forma, o MobiCaxias (Mobilização por Caxias do Sul) acredita que a chegada da universidade federal é importante para a região. O presidente, Rodrigo Postiglione, afirma que o grupo de trabalho da entidade sugere, inclusive, que uma área pronta seja negociada com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para que um início imediato não precise de obras.
— Sempre falamos que dar oportunidade para as pessoas faz parte da democracia e da valorização do ser humano. Quando o MobiCaxias mobiliza as pessoas é sempre para o bem comum e para a coletividade — diz Postiglione.
Pelo histórico da UFRGS, a titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), Viviani Vanessa Devalle, acredita que a instalação do campus é uma oportunidade a mais para os estudantes da região:
— A UFRGS é uma instituição muito bem conceituada, com ótimos profissionais e com excelentes resultados. Então, isso engrandece a educação não de Caxias, mas de todos os estudantes da nossa região, que poderão se valer de ter a oportunidade de estudar numa escola pública de excelente qualidade.
"Modelo comunitário é o futuro"
Já na visão do Conselho Regional de Desenvolvimento Econômico e Social da Serra (Corede Serra), formado por instituições representativas de 32 cidades da Serra, o melhor caminho é um investimento maior na UCS. O presidente da entidade, Evaldo Kuiava, argumenta que a chegada da instituição federal pode prejudicar a universidade comunitária caxiense.
— No meu ponto de vista já temos uma Universidade Pública não Estatal, muito mais eficiente e mais eficaz que é a UCS. Na UCS, 25% dos alunos tem benefícios com bolsas e a grande maioria tem outros benefícios. É mais em conta comprar vagas nas comunitárias. Na realidade, não são preenchidas as vagas já existentes nos Institutos Federais que têm salas vazias e sobram vagas nas demais universidades existentes. Sem falar dos Centros Universitários e Faculdades isoladas que tem por aí com salas vazias. Portanto, é uma ilusão. O problema do ensino é de outra ordem. Seria melhor então federalizar a UCS — afirma Kuiava.
O presidente do Corede, que é ex-reitor da UCS, acredita ainda que o modelo comunitário é o melhor caminho para o ensino superior:
— Basta só olhar e comparar o orçamento de uma comunitária e o que ela entrega e uma pública e o que ela entrega. O custo é bem maior para a sociedade. O modelo comunitário é o futuro. O governo não tem como manter as estruturas já existentes. Vai sucatear ainda mais o ensino superior já precário no país.