Os moradores evacuados das áreas de risco no bairro Galópolis, em Caxias do Sul, ainda não têm previsão de retorno às suas casas. E o cenário deve durar pelo menos até a próxima semana. Os motivos são uma fenda e uma ruptura no solo da encosta onde a comunidade está localizada, que seguem apresentando deslizamentos de terra e podem registrar novas quedas de material. Nestes locais, 150 famílias aguardam pela liberação da prefeitura para voltarem.
O controle do terreno é feito pelo geólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Caxias do Sul (Semma), Caio Torques. Desde o último sábado (4) monitorando o deslocamento e possível aumento das falhas com a equipe da pasta, ele explica que a instabilidade das áreas foi causada pelo acúmulo de água muito acima do esperado.
— Essa fenda está, de certa forma, se movimentando, mas ainda não sabemos muito bem a extensão dela, que foi ocasionada pela chuva. Não existia antes. Fica em cima do morro, atrás do campo de futebol, na encosta do cemitério. Nós estamos monitorando, inclusive com uma câmera instalada lá em cima, filmando 24 horas. Não temos noção da profundidade, da quantidade de material que tem embaixo dessa fenda e quanto desse material pode chegar. Se o tempo permitir, nesta terça (7) vamos fazer uma sondagem no local — projeta Torques.
Contudo, a situação mais delicada, segundo o geólogo, é na parte de baixo da encosta, onde surgiu a ruptura que preocupa as autoridades e já causou a condenação de pelo menos quatro casas. Nessa zona, não é permitido sequer a entrada de moradores para a retirada de pertences.
— Na parte de baixo a área é mais crítica. Ali já tem casas com rachaduras, que tombaram. E é onde a situação está evoluindo mais. Não é tão grave quanto lá em cima, porque é na base da encosta. Se tiver um deslocamento ali, vai atingir cerca de uma quadra, que também já foi evacuada. É um deslizamento contínuo, um movimento lento e percebemos diferença ao longo dos últimos dias. Algumas árvores começaram a inclinar, outras caíram. Com a previsão de chuva a partir de quarta-feira, é uma região bastante crítica — avalia.
Torques confirma que nenhuma família irá retornar até a próxima semana, justamente pela previsão de chuvas fortes no período.