Com cinco mortes registradas em função de deslizamentos de terra causados pela chuva, o bairro Galópolis, em Caxias do Sul, teve a rotina alterada nos últimos dias com a presença de militares, bombeiros e membros da Defesa Civil.
Três pessoas permanecem desaparecidas, e a busca se concentra em um ponto da BR-116 próximo ao mirante da Cascata Véu de Noiva. É o primeiro ponto de bloqueio da rodovia federal para quem parte de Caxias do Sul.
Até o momento, foram localizados os corpos de três homens e de duas mulheres. Entre eles, os vizinhos da família Valduga, que com a trégua da chuva pôde retornar para a casa no domingo (5).
É a última residência instalada na encosta do morro que permanece com moradores, por ter sido descartado o risco novos deslizamentos. Deixar às pressas a casa onde moram e acompanhar as buscas pelos vizinhos é uma realidade que nunca passou pela cabeça da auxiliar de projetista, Mariana Valduga, 19 anos, que poderia algum dia acontecer:
— Foi terrível, uma das pessoas que se salvou saiu gritando e dizendo pra sairmos, porque o morro estava caindo. Quando amanheceu na quinta-feira, saímos de casa. Foi assustador, não caiu a ficha ainda, vimos isso só na televisão, parece que nunca vai acontecer conosco e, quando acontece, não tem explicação.
A mãe de Mariana, Paula Valduga, 41, cresceu em Galópolis e a geografia do bairro, segundo ela, permite que todos os moradores se conheceçam. Para Paula, morar próximo aos morros nunca havia sido problema, mas as mudanças climáticas e a força da chuva que encharcou o solo fizeram com que ela começasse a mudar de ideia sobre o futuro como moradora do bairro:
— Nunca foi imaginado tudo isso que aconteceu, estou chocada, mentalmente esgotada. As vítimas e desaparecidos são pessoas que convivíamos desde sempre, o bairro é pequeno e todo mundo se conhece, então impactou muito.
Leandro Fortes Carvalho, de 52 anos, foi a única vítima oficialmente identificada entre as pessoas que morreram no bairro. O comandante do 5° Batalhão de Bombeiro Militar, tenente-coronel Márcio Müller Batista, garante que as buscas no local estão mantidas com o efetivo de 26 soldados.
A casa da família Valduga fica a cerca de três quilômetros do centro de Galópolis, onde militares restringem a entrada. No começo da manhã desta segunda-feira (6), a maioria se deslocava para duas empresas que estão instaladas no bairro. Em outra encosta, próximo à igreja, o acesso é proibido e os moradores foram evacuados por risco de novos deslizamentos.
As autoridades reforçam o pedido para que o bairro Galópolis só seja acessado em caso de extrema necessidade. Os pontos de arrecadação de donativos são a sede da Fundação Caxias, na Rua Sarmento Leite, 2.189, no bairro Rio Branco, e o Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, na Rua Ivo Remo Comandulli, 897 (descida dos Pavilhões da Festa da Uva). O horário é das 8h às 17h.