Dos tantos reencontros emocionantes em meio à tragédia que atinge o Rio Grande do Sul, quando mães e filhos podem se abraçar, longe do perigo, a força e o amor se sobrepõem. Esse foi o sentimento da prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, e da filha Giulia, de 11 anos, na segunda-feira (6).
Giulia mora com a mãe em Santa Tereza, mas com o alerta de possível rompimento das barragens da Cia Energética Rio das Antas (Ceran), no Rio das Antas, a filha ficou com o pai, em Bento Gonçalves, até que a situação se estabilizasse.
— Ela saiu daqui aos prantos, por se afastar de mim. Somente ontem à noite (segunda-feira) que ela retornou. Ela ficou muito preocupada quando saiu a notícia do rompimento das barragens e eu confesso que eu também. Pedi pra ela sair daqui por conta da insegurança de não saber também o que poderia acontecer — afirma a prefeita.
De acordo com Gisele, como não se sabia quais seriam as consequências do possível rompimento, a expectativa era de um desastre. Por isso, optaram por ficar separadas nesse momento. Como Gisele é prefeita do município, não poderia se ausentar naquele momento tão sensível e preocupante para a região:
— Decidi que ela fosse levada para outro local, mesmo que com o coração em pedaços, chegando a pensar muitas vezes que eu nem poderia ver ela novamente, mas o amor de mãe supera tudo. É o amor mais forte, mais resistente — emociona-se.
Foi apenas na segunda-feira (7), sete dias depois do alerta da Defesa Civil para evacuação das áreas próximas do Rio das Antas, que as duas se reencontraram. Giulia chegou ainda durante a tarde em Santa Tereza, mas Gisele só chegou em casa à noite, depois de acompanhar obras e limpeza em diversos pontos da cidade:
— Quando ela me viu, eu estava cheia de lama, passei o dia no interior, e ela me abraçou e me disse "Mãe, que bom que passou tudo isso, e eu quero que tu saiba que eu tenho muito orgulho de ti". É o que faz valer a pena. A gente ter a certeza de que, embora seja um trabalho árduo, e a missão também seja muito complexa diante de tamanhas perdas, ouvir isso de uma criança de 11 anos me faz ter a certeza de que tudo vai dar certo — afirma Gisele.