Mesmo enfrentando dificuldades, diante da chuva intensa dos últimos dias, uma família de São Marcos não abriu mão da solidariedade e está abrigando e alimentando caminhoneiros que estão ilhados na BR-116.
Rosane Aparecida Sutil da Silva e Leandro Luiz Pellizzari vivem na comunidade de Linha Edith, que fica entre São Marcos e Campestre da Serra e, desde a quarta-feira (1°), estão sem possibilidade de acessar as duas cidades, devido a diversos pontos de deslizamento na rodovia federal. Já os motoristas que estão contando com o apoio deles seguiam no sentido São Marcos - Vacaria quando foram surpreendidos pela terra que desceu de morros ao longo da rodovia.
Ao todo, seis caminhoneiros e um condutor de uma van foram auxiliados nos últimos dias pelo casal. Um deles, entretanto, desistiu de esperar a liberação da rodovia e seguiu o trajeto a pé, ultrapassando as barreiras na pista e seguindo pelo mato.
Um dos momentos mais críticos ocorreu na sexta-feira (3). Quase sem mantimentos em casa, Rosane e Leandro pediram ajuda de familiares que estão com acesso à cidade. A entrega das compras, contudo, exigiu mobilização e coragem. Os familiares do casal seguiram até a queda da barreira, enquanto que os caminhoneiros foram ao encontro deles pela região de mata. A moradora de São Marcos entende o risco que a situação envolveu, mas foi a única maneira encontrada de ter acesso à alimentação. Os mantimentos devem durar até a segunda-feira (6).
— É perigoso, porque tem muito barro e é tudo desnivelado o chão — descreve Rosane, que mantém uma tenda com o marido às margens da rodovia.
Os caminhoneiros dormem nos caminhões e recebem café, almoço e janta na casa de Rosane e Leandro. Um dos motoristas auxiliados é Francisco Rosa do Nascimento, 62, morador de São Paulo. Ele fazia o carregamento de peças para a região Sudeste quando ficou sem possibilidade de tráfego na Serra gaúcha.
— Nossa sorte é dona Rose e o Leandro. Temos que esperar, ver o que vão fazer para poder seguir — diz.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), máquinas trabalharam durante toda a sexta-feira (4) para liberar os acessos. Os policiais ainda não receberam confirmação se os serviços foram retomados neste sábado.