Com os olhos atentos e as mãos entrelaçadas em oração, fiéis participaram da celebração de Corpus Christi na Praça Dante Alighieri, no centro de Caxias do Sul, nesta quinta-feira (30). O dia ensolarado e frio foi cenário da comemoração do mistério do Corpo e o Sangue de Jesus Cristo para a Igreja Católica, que acontece 60 dias após a Páscoa, e também marcou a celebração dos 90 anos da Catedral Diocesana da cidade.
Com o altar montado do lado de fora da Catedral Santa Teresa, o bispo dom José Gilson iniciou a celebração para os fiéis que tomaram conta da praça e assistiram a missa sentados ou em pé. Logo após a benção inicial, o bispo dedicou a celebração deste ano para o Rio Grande do Sul e a todas as pessoas afetadas pela chuva.
— Oremos pelas cidades atingidas e pelos desabrigados. É preciso ter amor pelos atingidos pela chuva, pelas pessoas que perderam seus familiares, suas casas e seus empreendimentos. Rezemos hoje para que não percam a fé e a esperança. Agradecemos aos voluntários, à ajuda vinda para o Rio Grande do Sul e rezemos pelas vidas que partiram, que Deus acolha com misericórdia aqueles que partiram com amor e ternura — disse o bispo.
Ao longo da missa, que começou por volta das 15h, o religioso reforçou o momento difícil do Estado e reafirmou que todas as ofertas dos fiéis durante a missa serão destinadas ao fundo para auxílio daqueles que sofreram por causa da chuva.
Antes da bênção final, a comunidade deu início à procissão até a Igreja de São Pelegrino, seguindo os coroinhas, ministros, padres e o bispo. Durante a caminhada, Dom José Gilson carregou o Santíssimo Sacramento, isto é, o Cristo na Eucaristia, que simboliza para o catolicismo a presença de Jesus Cristo vivo na igreja. Orações e cantos religiosos ecoaram pela Rua Sinimbu e, tanto aqueles que estavam acompanhando a celebração, quanto as pessoas que se depararam com a procissão no caminho, pararam para apreciar e registrar o momento.
Ao chegar na igreja, o bispo deu início à bênção final, que terminou por volta das 17h, e foi celebrada com aplausos dos fiéis presentes. Para Loici Pontalti, 64 anos, que acompanhou a celebração, a missa de Corpus Christi este ano tem significado primordial para reforçar a importância da fé nos momentos de dificuldade.
— Essa é uma das mais importantes celebrações que temos para a crença católica. A fé é o que alimenta o povo a seguir em frente. Estamos precisando desta fé e da esperança para aguentarmos tudo o que está acontecendo — diz a católica.
O casal Maria Lucenia Graeff e Roque Graeff se emocionou durante a celebração deste ano. Para os dois, que acompanharam toda a missa e também a procissão, a fé é a base para recuperar a esperança.
— É muito emocionante a missa de Corpus Christi e ficamos muito emocionados hoje. Acreditamos que dentro da igreja nós reforçamos a nossa fé e vemos que a fé serve como apoio para recuperar a esperança e termos solidariedade pelos nossos irmãos. É preciso que estejamos juntos e em união com Deus. A missa de hoje foi belíssima, mexeu no nosso coração — afirma Graeff.
Além de Caxias do Sul, no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha, as celebrações de Corpus Christi começaram às 8h e reuniram centenas de fiéis. Com a primeira missa seguida de procissão por entre os tapetes de serragem, a programação contou com outras cerimônias eucarísticas ao longo do dia, sendo finalizada às 20h com a adoração ao Santíssimo Sacramento.
Celebração de Corpus Christi
Segundo nota publicada no site do Vaticano, a comemoração de Corpus Christi, que significa "Corpo de Cristo", celebra o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo e acontece sempre às quintas-feiras, em alusão à Quinta-feira Santa. A data, que não é feriado nacional, mas em várias partes do país, é a principal festa eucarística da Igreja Católica.
Para o catolicismo, foi em uma quinta-feira, um dia antes de ser morto e crucificado, que Jesus se reuniu com os apóstolos para a última ceia. Na ocasião, o filho de Deus teria mandado que sua lembrança fosse celebrada com pão e vinho, que se transformariam em seu corpo e sangue.
— Quando Jesus fez a última ceia, quis encontrar uma maneira concreta de ficar presente na vida dos seus seguidores. Então, escolheu pão e vinho que se transformam em cada celebração no corpo e no sangue de Jesus. Todos nós precisamos do pão de cada dia, todos nós precisamos nos alimentar. A fé também precisa de alimento e Cristo presente na hóstia consagrada é para nós a força para nós continuarmos a caminhada — conta o frei Jaime Bettega.
Por meio da comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, Jesus mostra o amor e a presença ao lado dos fiéis, como alimento para dar força para que continuem as próprias caminhadas.