A chuva constante que atinge Garibaldi desde a tarde da segunda-feira (29) provoca transtornos em diversos pontos da cidade, com alagamentos que atingem ruas, comércios e moradias. Um posto de combustível e uma casa na rua Buarque de Macedo foram interditados pela Defesa Civil. Na tarde desta terça-feira (30), o Arroio Marrecão transbordou, deixando um trecho da Rua João Missiagia com a rua Dr. Julio Azambuja submerso.
Um supermercado localizado na Avenida Independência e com fundos para a Dr. Julio Azambuja, foi tomado pela água. O proprietário contratou uma empresa para drenar parte da água, e a mobilização dos funcionários permitiu que as mercadorias fossem retiradas antes de serem danificadas. Funcionários da Cooperativa Vinícola Garibaldi, também na Avenida Independência, derrubaram parte do muro em frente ao wine bar para dar vazão à água. O varejo da cooperativa foi invadido pela água e danificou móveis.
Moradores das proximidades das ruas João Missiaggia e Dr. Julio Azambuja relataram que essa é a segunda cheia que presenciam, sendo a primeira em novembro do ano passado. A casa de Ilce Locatelli, 50, fica ao lado onde o Arroio Marrecão transbordou, na João Missiaggia. Para ela, dessa vez a situação é pior do que ano passado.
— Moro aqui há 12 anos e essa é a segunda vez que vejo uma cheia, mas essa foi a pior do que da outra vez. Não temo que alague aqui em casa, porque a água esta indo no sentido contrário, mas sei que o Ginásio Municipal está aberto para nos receber se precisarmos.
Na Rua Buarque de Macedo, próximo ao Bar Joe, um posto de combustível foi interditado pela Defesa Civil. Isso porque as vigas de sustentação do local estão assentadas onde o arroio Marrecão passa. A força da água arrancou parte de uma vigas e rachou outras, tornando a construção instável.
Atrás do posto reside Irani Salvi, 60, e a esposa. A casa dele também foi interditada pelo risco de desabamento. A residência também tem as vigas próximas ao arroio.
— Vamos ficar na casa de parentes por alguns dias. Acho que não tem chance de cair (a casa). Há dois anos reforçamos as vigas. Mas saímos por garantia. Estou vindo aqui só para pegar o que precisamos — conta.
O transbordamento do Arroio Marrecão atingiu também a Casa de Repouso Arco-Íris na Rua Silva Jardim. Conforme funcionários, a água chegou até a porta do espaço. Os idosos que tinham condições, foram retirados do local. Outros seis residentes que são acamados seguem no local. Eles foram realocados para o segundo andar da casa de repouso. O Corpo de Bombeiros Monitora a situação.
Oito família em abrigo
No Ginásio Municipal, cerca de oito famílias que tiveram as casas atingidas estão abrigadas. Entre elas está a moradora do bairro Juventude, Priscila Carvalho de Castro, 29. A casa em que reside, na Rua Silva Jardim, foi invadida pela água.
— Fui acompanhar minha filha mais nova para pegar a van para a creche. Nessa hora tinha pouca água. Quando voltei já tinha entrado na casa. Saí de lá com a roupa do corpo e vim direto para o Ginásio com am inha outra menina. Não tenho ideia de como estão as coisas na minha casa, mas a vontade de voltar é muito grande — relata.
Outra pessoa abrigada no espaço é Andreia Ferreira da Silva, 26, vizinha de Priscila. Moradora do bairro Juventude há três anos, ela conta que nunca presenciou alagamentos no local. Contudo, nesta terça foi diferente:
— Hoje de manhã, quando acordamos para trabalhar já tinha água dentro de casa. Ligamos para os Bombeiros virem nos resgatar e viemos para cá. Também só consegui trazer a roupa do corpo. A situação é complicada porque a água desce, mas depois volta a subir — conta.
A Corrente do Bem, entidade parceira da prefeitura, arrecada roupas, calcados e cobertores em bom estado, além de alimentos. Donativos podem ser entregues na sede deles rua Isidoro Pianezzola, 87, Santa Terezinha. As entregas de doações podem ser feitas nas tercas e quintas das 13h30 as 17h. Excepcionalmente nessa quarta-feira (30) o espaço abre das 8h às 17h.
O que diz a Prefeitura
O prefeito Sérgio Chesini confirma que a situação do município é mais grave do que em novembro de 2023. Na avaliação dele, a concentração de chuva em apenas um dia foi o maior complicador.
— Em poucos horas, diversos riachos que eram insignificantes, se tornaram gigantes. A chuva, que foi de 255 milímetros em 24 horas, fez com que eles transbordassem. As bocas de lobo não deram conta e aí surgiram essas situações que estamos lidando — explica.
Na área urbana, a cheia do Arroio Marrecão causou os maiores transtornos, com casas e empresas atingidas pela água. Queda de postes de energia também foram registradas em diversos pontos da cidade. Na parte rural de Garibaldi, quedas de barreira e de árvores são os principais problemas identificados. A equipe da Prefeitura atua nos atendimentos.
Um comitê de crise foi instalado com a Defesa Civil e secretarias do município. A orientação é que os moradores sejam resgatados de locais de risco e abrigados. O município também encaminhou para a Defesa Civil do estado o decreto que estabelece situação de emergência na cidade. Nessa quarta-feria (30) as equipes da Prefeitura continuarão nos atendimentos.
Depois que o nível da água baixar, a situação será avaliada e a Prefeitura pretende iniciar os reparos necessários. A previsão é que as bocas de lobo da cidade passem por dessaroamento para retirada de destritos que as águas carregaram.