Uma equipe de agentes de combate a endemias fiscalizou nesta quinta-feira (4) propriedades do bairro Reolon, em Caxias do Sul, para conter a proliferação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Na ação, cerca de 50 larvas foram recolhidas e serão analisadas em laboratório para indicar se são, de fato, do mosquito transmissor. Também nesta quinta, o município chegou a 72 casos confirmados, maior número dos primeiros meses do ano desde o início da série histórica, que começou a ser contabilizada em 2015 pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Durante a fiscalização, que começou na Rua Clóvis Gonçalves Maciel, a equipe encontrou água parada em potes plásticos, pacotes de embalagens de alimentos, pneus e também uma panela que estava jogada em meio ao lixo dentro de uma propriedade.
A partir do decreto assinado no dia 25 de março, os agentes podem vistoriar terrenos baldios e pátios abertos mesmo sem a presença dos proprietários. A ação ocorre porque o município declarou situação de emergência por causa da proliferação. Atualmente, no município 496 focos do mosquito da dengue já foram identificados e eliminados.
De acordo com a agente de endemias Fernanda Huff, é essencial a limpeza dos terrenos para evitar o acúmulo de lixo. Conforme ela explica, os ovos dos mosquitos podem ser colocados em superfícies secas e se manter nos recipientes por até um ano, o que pode contribuir com novos mosquitos a partir do contato com a água.
— Só escovando o recipiente para remover esses ovos porque não tem como ver a olho nu. A larva nós conseguimos ver, mas os ovos são muito pequenos. Então, quando o mosquito utiliza esse local seco, esse lixo que se acumula na água parada, ao longo do tempo, conforme entra em contato com esses ovos vão se criando novos mosquitos. Por isso é ideal que haja a limpeza desses terrenos e sejam eliminados todos os possíveis itens que acumulem água porque se não, mesmo com a nossa fiscalização, vai continuar surgindo novos mosquitos — explica Fernanda.
Ao longo da ação, a equipe tirou a água parada de dentro dos objetos, recolheu as larvas para análise, quebrou ou fez furos nos lixos para que não voltem a acumular água e explicou sobre a forma correta de fazer a retirada da água dos locais. Segundo a agente, pontos que acumulam água parada e podem ser focos de mosquito, devem ser limpos jogando a água diretamente na terra.
— Às vezes, as pessoas tiram a água parada e jogam em ralos, mas há casos em que esses ralos estão entupidos e essa água continua parada e pode se tornar um novo foco. O ideal é sempre jogá-la na terra, que vai absorver e não vai dar a possibilidade de criação de um novo ponto de proliferação — conta Fernanda.
Apesar da ação de fiscalização ser feita nos terrenos baldios, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atualmente, em Caxias do Sul, cerca de 80% dos focos do mosquito são encontrados em residências. Ou seja, pontos como vasos de flor, calhas ou outros itens que fiquem dentro das casas e contribuam para o acúmulo de água parada são os locais principais onde o município tem registros de focos do mosquito da dengue.
Por este motivo, a SMS orienta para a limpeza e atenção da população para estes pontos que podem estar mantendo a água parada. Conforme a secretaria, o trabalho para conter a proliferação deve ser em equipe, tanto com o auxílio dos agentes de endemias que buscam eliminar os focos, quanto pelos próprios moradores que podem fazer as limpezas dos próprios pátios e residências afim de evitar qualquer acúmulo de água parada. A ação desta quinta-feira é uma das que estão ocorrendo desde o decreto e deve continuar em outros dias para conter a proliferação do mosquito.
Medidas permitidas pelo decreto de situação de emergência
Desde o decreto, o município fez encaminhamentos para tentar conter o avanço repentino de casos. Segundo a secretaria, ainda para esta semana está prevista a chegada de 2 mil testes rápidos, que servem para detectar a doença e poderão ser feitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, está em processo de finalização a contratação emergencial de médicos clínicos, que estarão atuando em diferentes unidades básicas de saúde (UBSs).
Confira as principais medidas do decreto:
- Confirma a mobilização de todas as secretarias e autarquias municipais para que auxiliem com o fornecimento de equipamentos, insumos, mão de obra e veículos;
- Autoriza a Secretaria Municipal da Saúde a requisitar leitos aos hospitais da rede privada;
- Autoriza todos os agentes públicos a entrarem em terrenos baldios e pátios de residências para averiguar a presença de criadouros;
- Autoriza a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, por meio da Codeca, a limpar imóveis com potenciais criadouros de Aedes aegypti e a cobrar dos respectivos proprietários;
- Autoriza a contratação emergencial de profissionais da área da saúde, na forma da lei municipal, previstos ou não no plano emergencial, para o atendimento global da população, com atribuições de prestar orientações, fazer atendimento clínico e acompanhamento residencial, se necessário;
- Autoriza a Secretaria Municipal do Urbanismo, Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos e o Samae a drenar escavações de obras paradas e cobrar dos respectivos proprietários;
- Autoriza compras e aquisições de insumos que incluem testes rápidos.