Há seis meses, o município de Santa Tereza enfrentava uma das piores tragédias naturais de sua história. A enchente do Rio Taquari atingiu 80% da cidade, danificando 283 imóveis residenciais, comerciais, comunitários e públicos. Destes, 76 foram totalmente destruídos. Desde então, os moradores e órgãos públicos trabalham para reconstruir a cidade, que registrou um prejuízo estimado em R$ 75 milhões, entre setor público e privado, além de uma significativa redução da circulação de pessoas, especialmente de turistas.
Para o empresário Rudinei Oliveira Schmitz, proprietário de uma loja no centro de Santa Tereza, os últimos seis meses foram difíceis, já que o movimento diminuiu cerca de 70%.
— O comércio parou, não só o nosso, mas isso só em Santa Tereza. A gente está sobrevivendo nesses seis meses. Mas graças a Deus estamos nos levantando. Com força, com ajuda do pessoal, vamos à luta. Temos a vida e a fé — afirma Rudinei.
Conforme a prefeitura, alguns estabelecimentos comerciais ainda não retornaram às atividades, já que estão se reestruturando após serem atingidos pela enchente.
Somente em residências, o prejuízo chega a R$ 35 milhões. Ao andar pelo centro de Santa Tereza, é possível ver marcas da enchente nas construções, casas destelhadas ou abandonadas. Muitos moradores precisaram reformar as moradias, mobiliar novamente ou buscar outro lugar para morar, como no caso do Ivalino Ceriotti, já aposentado. A residência foi atingida pela enchente e ele não conseguiu recuperar nenhum item, embora a estrutura tenha permanecido. Hoje, ele conta apenas com cama, geladeira e fogão e está prestes a se mudar.
— Esses meses aí foram só tristeza. Estou morando nessa casa até acabar de construir uma outra, na colônia. Vou para lá, escapar de outras enchentes, né?
O município recebeu cerca de R$ 2,6 milhões do Ministério da Integração e Desenvolvimento, destinados para reconstrução da cidade e horas de serviço de máquinas para limpeza. O governo do Estado, por meio do Fundo da Defesa Civil, destinou R$ 750 mil para contratação de máquinas para limpeza e R$ 150 mil para a área da saúde. Segundo a prefeitura, algumas obras estão em execução e outras já foram concluídas.
Linha Alcântara em Bento Gonçalves
Localizada na beira do Rio das Antas, na RS-431, a localidade da Linha Alcântara também foi prejudicada pela enchente de setembro. Ao todo, 251 residências foram atingidas, sendo 84 moradias fixas e 167 de veraneio. Conforme a prefeitura de Bento Gonçalves, pelo menos 720 pessoas foram prejudicadas e, por isso, foi ofertado acompanhamento pelas equipes e, posterior encaminhamento para programas sociais. Vinte e três famílias tiveram acesso ao Programa Volta por Cima, do governo do Estado, que oferece apoio financeiro às pessoas atingidas pelas enchentes e que possuem o Cartão Cidadão.
Bento Gonçalves recebeu mais de R$ 300 mil do governo federal, destinados para a limpeza de estradas do interior, drenagem de vias e recuperação da ponte sobre o Rio das Antas, que dá acesso ao município de Cotiporã.