A terça-feira (20) é marcada pela volta às aulas dos mais de 31 mil alunos das 83 escolas da rede municipal de ensino de Caxias do Sul. Embora a retomada seja marcada por alguns problemas na área estrutural dos colégios — conforme a Secretaria Municipal de Educação (Smed), há obras em 10 escolas contempladas pelo pacote de obras do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), o que significa esperança de melhorias — o retorno também tem alívio e alegria para os estudantes e pais.
Os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Laurindo Luiz Formolo, que desde 2021 estavam estudando na sede do antigo Colégio Mutirão, na Rua Pinheiro Machado, voltam a partir desta terça para o bairro São Ciro, mas em uma nova sede. No entanto, ainda há estudantes de duas escolas fora das sedes, os da Atiliano Pinguelo, e os da João De Zorzi. Eles estão provisoriamente na antiga sede Colégio Mutirão, na Pinheiro Machado.
A Atiliano está fora do Loteamento De Zorzi, na região do bairro Diamantino, desde abril de 2019. Com 222 alunos de cinco a 11 anos, o prédio original foi interditado em 16 de abril daquele ano, após parte do muro da antiga estrutura ter cedido durante uma chuvarada que ocasionou risco de deslizamento. As estruturas do banheiro e parte da cozinha já estavam comprometidas há pelo menos dois anos, com interdição parcial.
Em 27 de novembro de 2019, a prefeitura apresentou o projeto de um novo prédio, sendo que a ordem de serviço foi assinada somente em março de 2021. Desde então, três prazos já foram repassados para o término da obra, que enfrentou desistências por parte de empresas. Uma nova ordem de serviço foi assinada no ano passado e a expectativa era que o ano letivo de 2024 começasse na sede, mas novamente o prazo não foi cumprido. Segundo a Smed, se o tempo colaborar, a escola estará pronta no segundo semestre deste ano.
Já os alunos da João De Zorzi saíram da sede antes do começo do ano letivo de 2022 e parte dos alunos foi remanejada para Escola Estadual de Ensino Médio Evaristo de Antoni; os demais para a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Desvio Rizzo. O encerramento do contrato com a empresa que realizaria as obras, orçadas em R$ 5,18 milhões em 10 escolas do município, incluindo a João de Zorzi, provocou atraso nas reformas.
Em julho de 2023 eles voltaram para a sede, sem que a reforma tivesse sido realizada. Agora, com o prédio em obras para reforma e credenciamento pelas normas do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), as aulas recomeçam mais uma vez fora do território original. Dessa vez, os cerca de 250 estudantes foram remanejados para o prédio do antigo Mutirão, que foi desocupado pela Laurindo Formolo. A estimativa é que a obra também fique pronta até metade do ano.
— Na metade de 2023 começou a função da obra de novo e tivemos que sair. Foi todo um processo de mudança, que se iniciou por volta de julho de 2023 com as movimentações da empreiteira na escola — explica o diretor da escola, José Ramiro Alvez da Silva.
Alívio e emoção na Laurindo Formolo
Para a comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental Laurindo Luiz Formolo, o dia é de comemoração. Ainda em 2021, eles deixaram o prédio que ficava na Avenida Senador Alberto Pasqualini, no São Ciro II, e foram para o antigo Mutirão. Devido ao péssimo estado da construção, de 1990, o prédio foi demolido em janeiro de 2022. O município desenvolveu um projeto (mais tarde adaptado para reduzir custos) e captou recursos via empréstimo para viabilizar a obra. Quatro licitações chegaram a ser lançadas, mas nenhuma avançou, até que em dezembro de 2022, a Smed avaliou que o terreno que sediava anteriormente a escola e receberia o novo prédio não poderia mais ser utilizado.
Mas, neste ano, os cerca de 280 alunos deixaram o antigo Mutirão e estão de volta ao São Ciro, mas alocados no antigo seminário dos padres paulinos, próximo da igreja do bairro. Por volta das 7h10min, a diretora, Jaciara Ivone Viesser Bose, recebia os alunos para encaminhá-los para as salas neste primeiro dia.
Para a vice-diretora da manhã da Laurindo, Flávia Regina Longhi, a sensação era de alívio:
— É com muita alegria que a gente recebe toda a comunidade de volta. Foram tempos difíceis, onde a gente estava num lugar que era alocado, muitas coisas nós não podíamos fazer. Então é muito bom estar de volta, a gente vê a alegria das crianças, das famílias.
Os pais também demostraram alegria em estar de volta, especialmente devido à preocupação com o transporte: até a antiga sede, na Rua Alberto Pasqualine, as crianças iam de van escolar ou com os pais e, de lá, embarcavam em ônibus até o bairro Nossa Senhora de Lourdes. Muitos saíam de casa antes das 6h, o que era um transtorno para as famílias.
— Foram bem complexos esses últimos anos. Hoje o dia é de alegria. Meu filho está empolgado e feliz — garante o almoxarife Rogério Fraga, 49 anos, pai do aluno Lucas, 13.
A manicure Valquíria Noronha da Silva, 49, e o filho Igor, 11, e também estavam felizes:
— Foi muito triste ver a escola sendo demolida e as crianças indo estudar longe. A gente sempre quer os filhos perto. Agora ele voltou para perto de casa, posso trazer e buscar, é tudo mais prático.
A presidente do Conselho Escolar, Alexandra Copelli Chaves, não conteve as lágrimas:
—A gente esperou por muito tempo pelas reformas porque a escola não tinha mais condições de receber os alunos, tanto na parte elétrica, quanto em estrutura. Estava arriscado no antigo prédio — afirma ela, que é mãe do aluno Luan, 13.
O adolescente Finn Rodrigues da Silva, 13, estuda no colégio desde o primeiro ano escolar. Para ele, a maior tristeza foi ver a escola, carregada de lembranças, ser demolida:
— Moro no bairro São Cristóvão, então tinha que acordar mais cedo para ir de van até a nossa escola que foi demolida. Era complicado, mas o mais triste foi saber que o prédio não seria reconstruído no mesmo lugar.
À espera de sede própria
Pouco antes das 8h, ainda chegavam ônibus escolares no Mutirão para receber os alunos do Atiliano Pinguelo e João De Zorzi. A vice-diretora da Atiliano, Vanessa Antoniazzi, aguardava as crianças no portão da escola. São cerca de 222 alunos matriculados na instituição:
— Estamos com uma expectativa alta de retornar para a nossa sede em 2025, no próximo ano letivo. É bom ver o rostinho deles chegando, a alegria deles de iniciar o ano letivo com a gente.
O projeto prevê o novo prédio escolar, em outra área, com cinco salas de aula — duas a mais do que havia na antiga sede —, aptas a acomodar até 30 alunos cada. Duas salas estarão reservadas para educação infantil para crianças de quatro e cinco anos. Segundo a Smed, a previsão é que a obra seja entregue no segundo semestre deste ano.