A obra de restauração da Capela do Santo Sepulcro já tem data oficial para sair do papel. Uma cerimônia especial marcada para o dia 22 de março apresentará os trabalhos para a comunidade e marcará o início das intervenções arquitetônicas em uma das capelas que mais guarda valores comunitários e relíquias da arte sacra em Caxias do Sul. As melhorias incluem nova pintura, manutenção elétrica, demolição de salas, construção de novos espaços e reconfiguração cênica na cripta, bem como o restauro dos vitrais e da famosa pintura de Aldo Locatelli que fica nos fundos do altar, entre outras.
A obra que inicia em março é resultado de uma proposição da Associação dos Amigos do Museu Dom José Barea (AAMDJB), que há anos se dedica à manutenção da igreja. Um projeto foi lançado em 2022 para captação de recursos via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do governo estadual. A captação, orçada em R$ 1.999.926,60, foi aprovada em fevereiro do ano passado, sendo que, até o momento, foram arrecadados 63% do total, o que permite o início das melhorias.
A entrega da restauração, prevista para ocorrer em maio de 2025, também vai simbolizar o retorno dos fiéis à capela após um intervalo de cinco anos: o templo foi fechado em março de 2020 e atualmente não recebe celebrações de missas e casamentos em função de um afundamento em parte do piso em frente ao altar. A visitação está restrita a pequenos grupos que se reúnem para rezar semanalmente. A cerimônia de lançamento no dia 22 de março, inclusive, vai ocorrer na calçada em frente à capela.
O padre Eleandro Teles, pároco da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, responsável por Santo Sepulcro, lembra que tanto a data de início dos serviços quanto a entrega da restaurações estão cercadas por simbolismos. O lançamento da intervenção ocorre uma semana antes da Sexta-Feira Santa, dia em que tradicionalmente milhares de fiéis passavam pela capela para reverenciar a imagem do Senhor Morto. Já a entrega, em maio de 2025, coincide com os 150 anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul.
— Esse é um dos prédios símbolos da religiosidade da imigração italiana na cidade. É uma herança que nós recebemos dos primeiros colonizadores italianos. Essa igreja está na memória e no coração dos caxienses, existe uma ligação afetiva — evidencia o padre.
O que será feito
O projeto cultural, que tem assinatura da arquiteta Leila Cristiane Schaedler, propõe nova sonorização, pintura total do prédio, interna e externamente, restauro dos vitrais da edificação e das peças de arte sacra em metal, além de uma reconfiguração cênica na cripta onde está um conjunto de imagens esculpidas em madeira — entre as representações em tamanho real, o Senhor Morto e a Virgem Maria, entalhadas pelo idealizador da capela, o imigrante italiano Benvenuto Conte.
Na parte externa, a intenção é abrigar um novo velário e construir um espaço de contemplação e oração para os fiéis, junto à imagem de Nossa Senhora das Dores. Ainda haverá a instalação de bancos e revitalização do jardim. As chamadas salas de apoio, atrás da igreja, também serão reconstruídas, em um estilo mais contemporâneo, para atender alunos da catequese, trabalhos de evangelização, armazenamento de materiais, entre outras atividades.
Uma das preocupações também é tornar a cripta acessível, com instalação de uma plataforma de elevação para cadeirantes, e também mais segura, com portas para a entrada e a saída dos fiéis. A equipe envolvida na proposta é multidisciplinar, diante da preocupação de preservar os aspectos religiosos, culturais e históricos que a capela abriga.
Os vitrais, por exemplo, terão consultoria especializada, assim como o reparo do painel Ressurreição de Cristo, do artista Aldo Locatteli, que está nos fundos do altar. Uma museóloga vai acompanhar a qualificação da cripta e as pedras do piso serão substituídas por uma empresa de Pelotas, que manterá o mesmo desenho geométrico das peças atuais. Os serviços serão executados pela Arquium, de Porto Alegre, que já realizou intervenções no Palácio Piratini e no Museu de Arte do RS.
— Pela complexidade da obra e pela importância que a igreja tem para a memória coletiva, este projeto merece todo o nosso carinho e todo o nosso cuidado com cada ação que vai ser feito nessa edificação — garante a gestora cultural que está à frente da iniciativa, Cristina Seibert Schneider.
Projeto continua captando recursos
O projeto de revitalização continua captando recursos para atingir o valor orçado de quase R$ 2 milhões. Até o momento, 63% do total já foi captado e as empresas interessadas podem ainda contribuir via Lei de Incentivo à Cultura.
— As empresas irão aplicar em um projeto na própria cidade, em algo que é simbólico e que tem toda uma tradição religiosa e cultural — finaliza Cristina.
Interessados em apoiar a proposta podem entrar em contato pelo e-mail cristinapatrimonium@terra.com.br ou pelo telefone (51) 99682-2677.