O temporal registrado na tarde da última quarta-feira (3) em Caxias do Sul foi marcado por alagamentos em vários bairros da cidade. Além de pontos já tradicionais, como o cruzamento das ruas Vinte de Setembro e Vereador Mário Pezzi, também houve registro de transtornos em locais onde o acúmulo de água nos volumes registrado não é comum.
Um dos pontos que mais chamou a atenção foi a Perimetral Norte, no bairro Interlagos, onde a água destruiu o pavimento da pista de sentido Festa da Uva-BR-116. De acordo com o secretário de Obras, Norberto Soletti, o problema foi causado por sobrecarga na rede de drenagem que tem início no bairro Sagrada Família. A incapacidade da rede de dar vazão à chuva fez com que a água se infiltrasse no pavimento.
— Houve refluxo no bueiro e a água entrou por baixo do asfalto — explica.
Nesta quinta-feira (4), equipes da Secretaria de Obras já haviam nivelado o terreno e acionado a Codeca para repavimentar o trecho. O trabalho dependia de tempo seco para ser concluído. Conforme Soletti, não será necessário desentupir a tubulação ou realizar obras mais complexas.
Na Avenida Doutor Mário Lopes, no bairro Fátima, moradores voltaram a conviver com alagamentos mesmo com a existência de um tanque de contenção - também conhecido como piscinão. A estrutura retém grandes volumes de água, liberando aos poucos na rede e foi construída justamente com o objetivo de resolver o problema nessa região da cidade. Segundo Soletti, é a segunda vez em um curto espaço de tempo que o reservatório transborda durante chuvas intensas. Além de se acumular na rua, a água atingiu casas e estabelecimentos próximos.
— Não deveria ter acontecido, mas ele não deu vazão suficiente, não foi obstrução. Desde a primeira vez a equipe da secretaria está verificando o que pode ser feito para não acontecer novamente.
Problemas crônicos aguardam projetos
Em outros pontos já conhecidos da população pelos alagamentos sob chuva intensa, a solução passa por obras de grande porte e, consequentemente, de grande custo. É o caso do cruzamento da Vinte de Setembro com a Vereador Mário Pezzi. Nesse ponto, segundo Soletti, é necessário implantar um novo sistema de drenagem porque a rede atual não é mais suficiente para escoar a água que escorre pela região.
A Avenida Maurício Sirotsky Sobrinho, no bairro São Victor Cohab, também tem registrado alagamentos de forma recorrente. Nesse caso, de acordo com o secretário, é necessário uma obra mais complexa que envolva sistemas de retenção de água.
— Essa água escorre toda para o bairro Planalto e se trocar a rede sem segurar a água na parte de cima vai dar problema lá embaixo — explica.
No momento, Caxias tem em projeto uma obra de drenagem de grande porte para o bairro Santa Catarina. Trata-se de um túnel que será construído na Rua Matteo Gianella, com profundidade de até 40 metros.
A obra pretende solucionar alagamentos principalmente na região da Matteo Gianella com a Cristóforo Randon, no bairro Pio X e tem custo estimado em ao menos R$ 60 milhões. O município inscreveu o projeto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para tentar obter recursos federais. O ponto não registrou problemas na quarta-feira porque essa região da cidade não foi atingida pela chuva mais intensa.
Reunião para balanço
Na tarde desta quinta-feira (4), o prefeito Adiló Didomenico realizou uma reunião do Gabinete de Crise da prefeitura para avaliar os impactos da chuva na cidade. Além de levantar os estragos causados pelo granizo e pelo vento, o grupo também tratou da resposta da rede de drenagem ao volume de chuva.
Na avaliação do chefe do Executivo, houve uma quantidade de chuva "desproporcional", com 44,5 milímetros registrados em menos de uma hora. A medida corresponde a cerca de um terço da média histórica para todo o mês janeiro na cidade, de 130 milímetros, segundo a prefeitura.
— Na maior parte do tempo nossos servidores estão consertando estragos, em vez de realizarmos obras novas. Nosso desempenho tem sido efetivo também graças ao novo maquinário à disposição, principalmente no interior — afirmou Adiló.
Em outubro, o município contratou um financiamento de R$ 23,7 milhões com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para a construção de quatro novos piscinões. Eles vão ficar nos bairros Cruzeiro, De Lazzer e Nossa Senhora das Graças. Na próxima semana, o secretário de Gestão e Finanças e coordenador do Gabinete de Crise, Cristiano Becker, deve realizar reuniões em Brasília para tratar da liberação do dinheiro.