Uma obra relacionado ao futuro aeroporto de Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul, tem causado preocupação em moradores de outro distrito da cidade. Iniciada em agosto, a construção de uma adutora, que levará abastecimento de água para o futuro terminal, impactou diretamente no dia a dia da comunidade de Fazenda Souza.
Conforme moradores da região, a empresa contratada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), a Nort Brasil Incorporadora, teria escavado uma parte da barreira que fica às margens da Estrada Geral Fazenda Souza para fazer a instalação da rede. A via liga Fazenda Souza à comunidade de São Roque, e, na sequência, à Santa Lúcia do Piaí. Agora, a preocupação é que a falta de contenção nas margens da rodovia possa causar deslizamentos de terra e árvores. Na manhã dessa segunda-feira (4), a reportagem do Pioneiro foi até o distrito caxiense para ver como está a situação.
Antes mesmo do início das obras, foi instalada uma placa próxima ao entroncamento com uma estrada de chão que leva até o Morro da Cruz, que informa sobre a intervenção. Cerca de um quilômetro para frente, é possível perceber o desbarrancamento na pista no sentido Santa Lúcia/Fazenda Souza. Nesse ponto, algumas árvores estão na beira do barranco e com risco de queda. Os moradores alegam que uma árvore de grande porte chegou a cair nesse ponto com as chuvas do dia 18 de novembro. Essa queda causou bloqueios na estrada. Percorrendo pouco mais um quilômetro, também há um trecho em que houve um grande deslizamento de terra.
O aposentado Henrique Elustondo, 63 anos, mora em Fazenda Souza há cerca de duas décadas e afirma não ser contra as obras do novo aeroporto, mas pede mais segurança. Ele, que já foi diretor do Hugo Cantergiani, em Caxias, diz que o novo terminal de Vila Oliva será importante para o desenvolvimento da região, mas que é preciso ter cuidado nas obras que fazem parte do projeto.
— Eu sempre digo: tragédias ambientais podem acontecer, agora tragédias anunciadas nós podemos evitar. O mais crítico é que é uma curva. É uma estrada com fluxo muito intenso, porque aqui liga (a) Vila Oliva e Santa Lúcia do Piaí. Tem o pessoal com frutas que trazem para cá. É complicado — relata.
Outra preocupação é com as chuvas que estão previstas para a região nesse mês de dezembro. O representante comercial Flávio Daniel Silva, 43, diz que os motoristas acabam reduzindo a velocidade ao passar pelas curvas que correm risco de deslizamento de terra. Além disso, moradores deixaram de percorrer os 2,6 quilômetros que ligam Fazenda Souza à Capela de São Roque caminhando pela falta de segurança.
— A gente esperava que, assim que a adutora passasse, eles recolocassem as coisas no lugar, até para que as pessoas que passam por aqui consigam caminhar na lateral da rodovia.
A comunidade de São Roque também enfrentou outros problemas com a obra. Há 15 anos, o abastecimento de água de cerca de 50 famílias é feito por sistema particular, com poço artesiano. Porém, conforme Silva, que é tesoureiro da associação Águas de São Roque, a obra da adutora do novo aeroporto prejudicou o fornecimento local.
— Desde o início da obra até agora nós temos problemas. Ainda temos dois moradores sem água porque eles foram tirando a mangueira da associação. E, no momento que iam passando, a gente teve vários problemas com falta de água — relata.
O que diz o Samae
Em nota, o Samae informa que, durante a obra de implantação da adutora do aeroporto de Vila Oliva, a mangueira de abastecimento da comunidade foi rompida. Cerca de 400 metros de rede já foram substituídos pelo Samae, faltando mais 600 metros. A previsão era que esta etapa inicia-se nesta segunda-feira (04). Porém, o clima não permitiu.
Além disso, conforme o Samae, durante a implantação da adutora foi necessário movimentar a terra. A nota completa:
"Devido às chuvas em excesso (em novembro estava previsto 124,1mm e o volume total de chuvas foi de 552,14mm) pode ter ocorrido deslizamentos, assim como houve em diversos outros pontos da cidade. Nosso geólogo está fazendo análise para verificar a melhor medida a ser implementada.
Sobre a obra
A implantação da rede é a primeira intervenção física para a construção do aeroporto. A subadutora está sendo construída em PVC com diâmetro de 200 milímetros. As intervenções, que começaram em agosto, tem previsão de duração de oito meses. Essa obra está sendo realizada pela empresa Nort Brasil Incorporadora e, ao todo, tem o custo de R$ 9,7 milhões, que serão pagos com recursos próprios do Samae.