De porta em porta, profissionais compartilham informações a fim de ajudar mulheres vítimas de violência. Essa é a Caravana da Mulher, uma ação proposta pelo Revivi (Centro de Referência da Mulher que Vivencia a Violência), de Bento Gonçalves, e que conta com o apoio dos órgãos de segurança.
A primeira atividade ocorreu na última segunda-feira, dia 14, no bairro Municipal, e faz parte do Agosto Lilás, movimento que busca combater a violência contra a mulher. Durante as visitas, a equipe esclarece o que é considerado violência, apresenta os canais de denúncia e orienta as mulheres a buscarem ajuda quando necessário.
Segundo a coordenadora do Revivi, Patrícia Da Rold, a caravana deve visitar quatro bairros do município durante esse mês e o principal objetivo é aproximar o serviço da comunidade.
— Nós queremos ir até essas mulheres e não ficar esperando que elas criem coragem para nos procurar. Queremos mostrar que estamos aqui para ajudar — pontua Patrícia.
O Revivi foi fundado em 2007 e faz parte da Secretaria Municipal de Esportes e Desenvolvimento Social de Bento Gonçalves. Desde então, de forma gratuita, presta o primeiro acolhimento à mulher vítima de violência, além de oferecer acompanhamento psicológico, serviço social e orientação jurídica. Em 2022, 1.996 atendimentos foram realizados. No primeiro semestre deste ano, o total de atendimentos chega a 714, sendo 70 mulheres que procuraram o serviço pela primeira vez e outras 144 reincidentes.
Conforme dados do Revivi, em Bento Gonçalves, mais de 92% das mulheres que procuram pelo serviço sofrem violência doméstica. Entre os tipos, a violência psicológica é a que mais predomina, seguida da violência física, moral, patrimonial e sexual, respectivamente. Mulheres com idades entre 20 e 40 anos são as que mais procuram por atendimento.
Aumento no número de ocorrências
Bento Gonçalves é um dos 21 municípios do Rio Grande do Sul que conta com uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, uma unidade da Polícia Civil que atua diretamente na proteção e investigação de crimes de violência contra mulheres.
Em todo o ano de 2022, 1.803 boletins de ocorrência foram registrados, enquanto em 2023, já são mais de 1.050. Para a delegada responsável, Deise Salton Brancher, o aumento nos registros não se refere a um aumento na violência, mas sim, uma comunicação mais assertiva com as vítimas.
— Provavelmente, nós chegaremos ao final do ano ultrapassando o número do ano passado. Mas por outro lado, eu sempre digo que um número alto de ocorrências não significa que a violência aumentou. Significa que mais pessoas tiveram coragem de denunciar. Significa que mais pessoas, cidadãos lá nas suas casas observaram alguém sofrendo violência e denunciaram. Então, tem um lado positivo disso que é o real enfrentamento da violência, a comunicação. Porque toda pessoa que não comunica o fato a autoridade policial, esse número fica na subnotificação. Fica uma cifra oculta e é uma pessoa que não entrou no nosso guarda-chuva, ou seja, ela não entrou no leque de proteção do Estado — pondera Deise.
PARA DENÚNCIAS
:: Ligue 180: atendimento 24 horas
:: Brigada Militar: telefone 190 (atendimento 24 horas)
:: Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher: (54) 3454-2899 (segunda a sexta-feira, em horário comercial)
:: Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento: (54) 3452-3200 (24 horas)
:: Patrulha Maria da Penha: (54) 98423-2155
:: Centro Revivi: (54) 3055-7420 ou 99132-8148 (segunda a sexta-feira, em horário comercial)